Um
sistema tão complexo de amor!
Talvez
eu seja o cara certo no momento errado, aquele que pode lhe falar dos seus
erros e deixa-la furiosa, ao invés de lhe lembrar dos seus sonhos e adocicar os
seus lábios, substituindo o amargor por um lote de esperança.
Quem sabe eu seja o homem errado no
momento certo, por possibilitar a você consertar os enganos que lhe machucariam
por anos, infiltrando em seu sangue felicidade em estado permanente.
Entretanto, sendo o homem errado, lhe ajudaria, mas jamais herdara o prêmio
desejado que é desfrutar de você no senso mais amplo, e seguiria a minha triste
trajetória enquanto durar o meu calvário, sem poder reclamar ou trocar de
ideia.
Eis que chegamos à filosofia do
egoísmo do amor, que para alcançar momentos eternos precisa magoar um dos dois
em uma barganha cruel, determinando o final de algo feito para durar para
sempre, apenas porque a vida é feita de escolhas.
Não havendo como rechaçar o destino,
fingimos ingenuidade hipócrita, acreditando no que jamais acontecerá aos
amantes mais prontos um para o outro, porque o final reserva um sabor amargo
com notas adocicadas para torturar a memória nos piores dias, nos quais
contestamos a existência e ameaçamos morrer por amor.
Estranho permanecer assim geração após
geração, produzindo tragédias cantadas em prosa e verso, que servem para
incentivar e não repelir um sistema tão complexo como o amor, que oferece
períodos felizes alternados por sofrimento mortal, modificando personalidades,
causando danos irreparáveis no intelecto e no físico, e ainda assim se
solidificando como a conquista mais importante dos vivos, dispostos a matar e
morrer por uma sensação estonteante e destrutiva ano após ano, sem limite de
idade, experiência ou maturidade.
Um veneno ao alcance de todos, o mais
proibido e o mais impossível de conter. O maior vencedor nas batalhas que
atraem os já perdedores sem muito esforço. A realidade misturada aos contos de
fadas, que ninguém ousará recusar, garantindo um final trágico haja o que
houver.
Marcelo
Gomes Melo
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