O
entendimento se dá através das sensações imediatas, as que alcançam o coração e
o cérebro, portanto, em princípio as palavras podem ser ignoradas em troca das
expressões, dos olhares, dos gestos, da comunicação não verbal.
Tenha em mente que os sons que te
emocionam não são apenas os que veem acompanhados de versos em seu idioma.
Mesmo que venham, pode ser que sejam metáforas ou hipérboles e condicionará o
seu entendimento à sua sensibilidade, não sendo, portanto, o mesmo para todos
os que tomam contato.
A música, por exemplo, emociona
através de um conjunto de atitudes, e entre eles não está o entendimento tácito
através do que é dito; vai acontecer mesmo que não entenda uma palavra do que
foi dito, mas está conectado às emoções ali expostas por um condutor hábil que
lhe tocará através do timbre, do domínio do tablado com movimentos concisos e
puros, e transmita através do corpo o que a alma necessita naquele exato
momento.
Então, durante aquele espaço no tempo,
viverás uma tristeza profunda, uma alegria incomensurável, uma ternura
comovente, uma fúria lasciva, um desejo incontrolável...
As emoções conectam as pessoas e
deixam em segundo plano o entendimento comum, determinado pela decodificação do
código criado para que as coisas existentes sejam comumente rotuladas para que
uma linguagem em comum possibilite um anúncio social através desse conjunto de
regras.
A
raiz do que realmente aproxima as pessoas de diferentes culturas, conhecimentos
distintos e rotinas ímpares, chamado atualmente globalização, nada mais é do
que a necessidade gutural de aproximarem os pensamentos através das emoções
puras, como as artes, poesias, pintura, música, dança...
O mundo avança rapidamente com suas
facilidades tecnológicas sacrificando o ambiente natural em nome da evolução,
mas apesar de tudo isso são as reações primárias que realmente unem as pessoas,
geralmente criadas pelo artificial que toma conta do que é orgânico,
envenenando e modificando a matriz da existência humana.
Há como resistir ou presenciamos de
camarote a transição de seres humanos para seres mecânicos inanimados que
prometem felicidade destroçando o que temos de singular: as emoções verdadeiras
e inerentes desde a concepção do ser vivente.
Marcelo
Gomes Melo
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