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Viver intensamente, morrer sem arrependimentos



         Dormir em camas duras moldaram o meu corpo e o meu caráter. Ando com a coluna de um ciborgue e a velocidade de um carro fórmula um. Gosto de pensar que sou duro como pedra, demoro para acabar, assisto o passar do tempo e me alimento com cada gota de beleza natural que flameja, alcança o ápice e desaparece largando o perfume peculiar para misturar-se aos sabores dos séculos, permanecendo na memória e na atmosfera como algo indescritível e inenarrável, tão sublime que encanta e seduz a poetas e artistas. Esses procuram, mas jamais alcançam a nota perfeita, o verso magnífico para descrever plenamente o que se sente.
          Provavelmente porque os sentidos mudam de pessoa para pessoa, ainda que igualmente maravilhoso, sutil e viciante. É difícil conviver com o produto da própria mente lhe massacrando, exigindo respostas para o que não há resposta, instigando ações que são indevidas e paixões que são derrotas anunciadas.
          Será prejuízo andar assim, solitário, com o rosto impassível e olhar sufocado, cheio de temor nessa amplidão desconhecida que pronunciam coração? Rumo ao caminho que me resta a passos largos, finjo não hesitar, mas demonstro como um brinquedo velho, desabo por dentro enquanto corro entre as rosas. Tudo o que vejo é macio e belo, mas o que me restará serão as marcas dos espinhos pelo corpo.
          Lidar com as cicatrizes. Penso nisso depois, não há bálsamos que sempre durem, mas costumam funcionar bem para curar. Só as lembranças é que não têm cura. Permanecem firmes, reavivando-se a cada toque, a cada olhar. Inevitável. Como viver. Como morrer.



         Então assumo ser feito de pedra e presenciar as vidas que passam como um banco no parque, imóvel, servindo de apoio a todo o tipo de gente, me desgastando aos poucos até ser esquecido sob o frio do inverno, imune às intempéries, inútil, entretanto.
       Viver rápido e intensamente, morrer sem arrependimentos era o lema dos astros que largavam para o futuro os seus versos perfeitos para as almas carentes, como perfume das flores, como a escuridão da noite, como a incerteza intrínseca aos povos.
     Aos que duram para sempre é negado os sabores, os prazeres; podem apenas observar sem sentir, admirar sem saber a razão, do mesmo modo que aquelas pessoas nos museus, observando quadros, pensativos, falsamente entendedores, mais ignorantes do que nunca!



Marcelo Gomes Melo

 


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