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A lapa voluptuosa


 

Era uma lapa de bife de uns cinco quilos, sem mentira nenhuma! Estava lá, exposto para quem quisesse ver e desejar, rosado, fresco, macio... O preço? Quem pensaria no preço em um primeiro momento?! Era só fixar os olhos e salivar, imaginando poder degustar infinitamente aquela lapa de carne nobre.

Todos os que passavam, acompanhados ou sozinhos, não eram capazes de desviar o olhar. Inspiravam profundamente, as mãos tremiam de leve, mastigavam instantaneamente, sem se darem conta do movimento.

Em uma época diferente como essa na qual vivemos, em que problemas aderiam a qualquer pensamento livre e causavam preocupação em expor os pensamentos, o que se estava vendo poderia não ser exatamente verdadeiro em cem por cento, apenas uma alucinação causada pelo desejo principalmente dos que já tiveram em abundância, e agora não mais, com toda certeza.

O dono ostentava os dentões para fora, sorrindo de orgulho e felicidade, não havia preço fixado visivelmente para quem quisesse adquirir aquela lapa voluptuosa, o que deixava claro que deveria ser para poucos. Desejar ainda não pagava imposto, então até o menos financeiramente recomendado, completamente fora de um possível leilão deixava de inspirar, impregnando as narinas com o cheiro, comer com os olhos, apertar as mãos como se manuseassem a lapa, julgando a si mesmos proprietários maravilhosos e alegres.

O que fazer para adquirir aquela lapa era o segundo pensamento. Comentários eram trocados entre os admiradores, que opinavam sobre os poucos que poderiam possuir tal iguaria. Políticos, os de alta patente. Empresários, sobretudo os estrangeiros. Ninguém além deles. Era algo assim que poderiam causa revolta na população. Uma revolta que aumentaria e se transformaria em uma guerra pela posse da lapa, causando destruição e morte.

Não era assim com os diamantes? Com as preciosidades que existiam em quantidade reduzida e aumentavam o valor, transformando homens honestos em ladrões, pobres em trapaceiros, religiosos em endiabrados, calmos em histéricos?

O fato é que a lapa estaria ali durante certo tempo para eu todos vissem, desejassem e sonhassem, até que um poderoso a adquirisse, e a fizesse sumir dos olhos cobiçosos.

Com o tempo surgiria outra, diferente, melhor... E quem adquiriu a anterior já teria sido satisfeito, querendo agora buscar novas aquisições. O mundo funciona assim, indefectivelmente.

 


             Marcelo Gomes Melo

Deliberadamente rebelde


Dá-me farpas para

Destituir a glória

Desse amor doloroso

Insatisfeito

 

Insatisfeito ao ponto

De incriminar o que sinto

Julgar e definir o que tenho

E desintegrar as mágoas

 

Unilateralmente

Eu desidrato de amor

Em campo aberto

Queimando sob o sol

 

O céu que me cobre

Não cobra o que me aquece

Esse amor amoral

Imortal, ri do meu desespero

 

                                   Marcelo Gomes Melo

 

Pequena nuvem, o amor irrestrito

 

       Minha pequena nuvem, quantos nevoeiros tenho atravessado durante uma vida inteira apenas para poder assistir, ao amanhecer, você suplantar o sol como um algodão doce delicioso que gruda em meus lábios e mantém o sabor eternamente, me alimentando durante as intempéries que lhe impedem de vir, e ser o meu teto perfeito, protetor e gentil.

        Saiba, pequena nuvem, que as noites de lua sem nuvens não me atraem, porque o véu que você proporciona, a lua é apenas mais uma senhorita nua, sem atributos suficientes para encantar como você!

Estou preparado para voar acima de você e saltar sem paraquedas para aninhar a minha vida entre os seus flocos macios, convidativos em que posso sonhar, sorrir e amar até que o mundo determine e recomece.

Nesse caso poderemos habitar uma ilha brasileira distante, com águas azuis e verdes, cristalinas, um leve odor salino e um vento morno que espalhará os seus cabelos em meu rosto. Você, pequena nuvem, é o verdadeiro amor irrestrito.

 
 

                              Marcelo Gomes Melo

Para ler e refletir

A lapa voluptuosa

  Era uma lapa de bife de uns cinco quilos, sem mentira nenhuma! Estava lá, exposto para quem quisesse ver e desejar, rosado, fresco, maci...

Expandindo o pensamento