A
retórica enganosa que mantém sobreviventes
Há
regras implícitas que o senso comum subscreve e não há porquês, em hipótese
alguma são questionadas, e se alguém o fizer, automaticamente estará à margem
do que a maioria decidiu; estar à margem pode ser bem solitário e difícil,
porque a maioria costuma agir com bastante crueldade.
Essas regras equilibram o ambiente,
evitando ao máximo que a selvageria tome conta, e a lei do mais forte
prevaleça, sanguinária, desvalorizando a capacidade de raciocinar em nome de
uma força destruidora que controle através do medo e do terror.
Uma terceira via, tão egoísta quanto,
pretende inverter os valores para tomar o poder comprando a quem não tem nada
com migalhas, escravizando sub-repticiamente, enganado para abocanhar a maior
fatia do bolo, mentindo descaradamente até lobotomizar incautos para manter o
poder.
Teorias conspiratórias viram distração
para uns, verdade inexorável para outros, mas, sua melhor serventia é criar a
dúvida, espalhar o caos e alternar os pensamentos para encaminhar uma grande
maioria a labirintos individuais, nos quais empenharão toda a energia
esquecendo de conhecer e perceber a verdade.
É assim que as sociedades são
formadas, manipuladas por uma minoria para apresentar resultados conforme a
necessidade desses poucos que inventam motivos e regulamentam comportamentos
que sobrevivem através dos tempos, mantendo a escravidão, garantindo a mansidão
das massas enquanto for necessário.
A troca de poder polariza atitudes,
mas é indispensável para que o sistema não apodreça a ponto de não ter volta. A
minoria que comanda e se alterna no poder sabe disso, então fingem para manter
a consciência dos fracos pura, ao ponto de estarem dispostos a morrer pelos seus
ideais, plantados friamente para garantir que propósitos superiores aconteçam
como sempre, sem novidades.
A existência em grupo funciona desse
jeito desde os primórdios da humanidade, e os que se rebelam viram
indiscutíveis vilões ou heróis, e em ambas as situações serão crucificados e
destruídos. Sem os regulamentos e a alternância de poder dos pequenos grupos, o
fim chegaria, indiscutível, exterminando a todos pela ausência de crenças, sem
a oposição que mantém a girar a enorme roda do universo.
As perguntas sobre quem somos, de onde
viemos, para onde vamos são retóricas, alimento sem sabor para manter uma
esperança ilusória, inexistente. Tristeza e alegria são a mesma coisa, egoísmo
e hipocrisia são armas usadas para aliviar o fardo de habitar eternamente um
enorme vazio sem razão de existir.
Marcelo
Gomes Melo
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