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Assombrando castelos na escuridão do pensamento


Havia uma guerra entre eles. Troca de ironias e cinismo explícito, acusações veladas, reclamações descaradas e minutos de fúria incontrolável através dos olhares fuzilantes e eletricidade através do ar.

Não eram desrespeitosos um com o outro porque não eram inimigos, eram apenas ciumentos. E teimosos e implicantes. Jamais incompatíveis. De vez em quando eram flagrados sorrindo livremente, e quem soubesse ler com competência descobririam em seus olhares conexão.

Eles não fingiam um com o outro, eram ciumentos e difíceis em seus temperamentos, mas um cuidava do outro, um defendia o outro ferozmente sempre que necessário.

Não ficavam juntos o tempo todo, mas estavam sempre juntos porque pensamentos preenchem espaços, e o ar ganhava densidade por conta do perfume que eles exalavam, do desejo que compartilhavam e da força do que não era dito porque não precisava ser dito.

Quando debatiam sobre as palavras desnecessárias que diziam e magoavam um ao outro, começando a batalha irreversível e cansativa, já sabiam que o término se daria na cama, nos braços um do outro, e depois, saciados, sorriam aquele sorriso secreto de criança que tem o brinquedo certo  e ninguém mais o terá.


A guerra entre eles virou lenda porque era impossível terminar, ambos sabiam. E também sabiam que jamais haveria vencedor, e a possibilidade de empate era inaceitável, portanto, guerra imortal. A definição de eternidade para eles era amar um ao outro sem concordar, eram ciumentos. Ela feroz, ele irônico. Ela fugia, ele a trazia de volta ao tema, ela, impulsiva, provocava e sofria reprimendas. Então se tocavam, o que levava aos beijos, e em seguida o inevitável: amor de reconciliação. Muito curta, porque logo algo os corroeria por dentro e por fora. Uma separação rotineira, um tchau antes da hora que virava um drama, um adeus para sempre, até que o celular os reconectasse velozmente, ou não dormiriam. Cada um em seu quarto à distância arrastariam correntes, assombrariam castelos medievais habitantes de suas mentes, dolorosamente querendo afastá-los, mas funcionando de maneira oposta, atraindo um ao outro para muito mais perto. Dentro. Eternamente.


     Marcelo Gomes Melo

O imutável, o inapagável e o inesquecível



Inesquecível é aquilo que lhe toca a alma profundamente, ou a pele suavemente, por questão de segundos. É o que lhe inflige pensamentos contínuos, analisando de milhares de formas um único acontecimento, explorando os diversos ângulos como uma câmera nas mãos de um diretor de cinema criativo.
Colocar-se no lugar do outro, para absorver os pensamentos, os sentimentos e os sabores também é um indício comum, uma fome que se apodera de todos os que foram estigmatizados pela marca do amor.
Pode-se facilmente adentrar às lendas da paixão sem mover um músculo, parecendo estranho ao olhar dos outros, um alien de olhar perdido e sorriso bobo no rosto, sem aparente motivação.
O inesquecível apodera-se de ti, pobre alma, e sacoleja os teus ossos para lá e para cá, ao bel prazer, transformando-te em mero passageiro em um ônibus sem freio, um trem descarrilado, por vontade própria, reclamando apenas por querer mais.
Nada é simples no coração de um apoderado, vítima tresloucada do terremoto de neve que apenas cresce, tomando forma e se espalhando por todos os órgãos do corpo humano. É por isso que ao olhar no espelho, só se enxerga um enorme e vermelho coração.
Cabe lembrar que nem sempre assim, novo em folha, pulsando forte, imparável. Com o tempo alguns curativos serão feitos, alguns pontos sendo dados, e serão carregados com honra, adquiridos em batalha, jamais renegados. Inesquecíveis.
Os umbrais do tempo podem desabar sobre o seu velho corpo moído de pancadas da paixão, ordenando-lhe o impossível: que esqueça o que houve desde a tenra juventude, até o ápice alcançado sabe-se lá depois de quanta andança, que renovará o seu estoque de suspiros e a alegria de viver; e revivendo sentimentos há muito vividos, uma alma renasce com o dobro  da força anterior, e segue o seu destino, superando obstáculos, recolhendo os prêmios, renovando os votos com o amor, indiferente ao pânico, escondendo-se do terror, fingindo não estar assustado.
A inesquecibilidade faz parte do seu ser. Vai além disso, torna-se você, por inteiro. Não lhe permite apagar como uma lâmpada velha, simplesmente trocada para manter a chama acesa. É uma vela que queima, intermitente, e jamais acaba. O que dá a impressão de estar apagada é a distância. Quanto mais se afasta você percebe que tudo em volta é escuridão, e chega um tempo em que não mais enxerga a claridade da vela, acreditando que ela se apagou.
Engana-se, alma atormentada pelo desassossego! É você quem se dirige ao mar bravio da escuridão. Assim que se permitir retornar, verá que o grande amor permanece, queimando, imutável e inapagável. Inesquecível!



   Marcelo Gomes Melo

Sobre a vida insuportável dos amantes apaixonado



Uma relação que começa do nada e toma corpo rapidamente, se tornando imprescindível do dia para a noite, com todos os desejos plenamente saciáveis e inacreditavelmente satisfatórios, causando surpresa e dúvida, até mesmo de que é real.
Um necessitar voraz, que domina os pensamentos e provoca sentimentos muito fortes, contraditórios, apavorantes.
De repente explodem sensações maravilhosas, deliciosas, e em sequência o lado oposto que existe em tudo: a desconfiança boba, ciumenta, a teimosia, a reação irônica e o afastamento mal feito que só passa tristeza e dor.
A nova vida vem em ondas, amor e desentendimento, prazer e emoções paradoxais, causando problemas diversos que necessitam de ajustes; adultos não conseguem fazê-lo por conta da atitude adolescente que provoca insônia, choro e logo se reverte em felicidade e noção das bobagens que causaram tanto desgosto.
Até que aconteça de novo. Da vida vazia dos que evitam riscos para não sentir todas as sensações, boas e más que um amor intensifica e impõe.


  Marcelo Gomes Melo

Para ler e refletir

O momento em que não serão necessários

    Dói. E invade destruindo espaços fechados. Abertos. O silêncio dói. Tanto quanto o barulho irritante As palavras malditas, urrad...

Expandindo o pensamento