As responsabilidades de administrar um harém
Um
brasileiro realizou um excelente serviço para um sheik árabe, que consistiu em
uma gigantesca área luxuosa na qual funcionaria o harém do poderoso
trilhardário.
Nos
diversos aposentos ele jamais enxergou tanta riqueza e conforto, igualmente
distribuído de acordo com a preferência das concubinas. Quando elas chegaram
com as suas aias e seguranças eunucos, homens castrados por motivo de segurança
(o sheik nem considerara remover também suas línguas e dedos) o profissional
brasileiro pôde observar à distância a beleza especial de cada uma delas,
diferentes física e intelectualmente; belezas imensuráveis para o prazer de
apenas um homem, um privilegiado entre toda uma população.
Uma
possibilidade dessas não era possível para qualquer um, senão um homem a cada
milhão de homens saudáveis e poderosos o suficiente. Esse cara não teria jamais
problemas com a justiça para pagar pensões, visto que o harém só aumentava,
jamais diminuía.
Pelo
excelente trabalho realizado, o brasileiro recebeu um convite para tomar um chá
com o sheik. Aceitou orgulhoso e, enquanto dava detalhes da construção ao seu
contratante, não deixou de observar as qualidades do sheik, que não ingeria
álcool por motivos religiosos e mantinha uma postura altiva e serena, parecendo
imune às desventuras que todo homem experimenta com as suas mulheres.
Em
determinado momento não se conteve e perguntou ao homem como fazia para lidar
com tantas esposas e conseguir se manter tão calmo e seguro de si.
O
sheik sorriu misteriosamente e propôs ao brasileiro que agisse como um big
brother por algum tempo, usando um drone para observar como era o comportamento
de suas mulheres, possuidoras de tudo o que desejassem com um mero estalar de
dedos. Assim saberia com o que ele, sheik tinha que lidar no seu maravilhoso
harém.
Entusiasmado
o brasileiro colocou o pequeno drone para funcionar no harém e passou a
observar as mulheres. E enquanto observava os seus olhos se dilatava e sua boca
se entreabria, incrédulo.
Uma
delas reclamava do tratamento excessivamente gentil do marido, que levava
flores e fazia origamis cor de rosa para presenteá-la, indagando, irada, que
tipo de homem agia assim tão suavemente!
Outra
das mulheres estava furiosa porque desejava mais convocações para o leito do
sheik; julgava ser melhor e mais entusiasmada do que todas as outras e se dizia
injustiçada por ter apenas uma vez a cada quarenta dias.
Uma
outra reclamava que ele era muito insensível e quieto; deveria falar mais alto,
contar piadas pornográficas, dançar...
Havia
uma concubina querendo ser tratada como uma rainha acima das outras, sendo
alimentada pessoalmente por ele, enquanto contava os capítulos da novela,
encenando-os como um verdadeiro ator.
Muitas
exigiam que ele trouxesse seus familiares para visita-las e que fosse tão
generoso com eles quanto com elas, financeiramente inclusive. Obrigavam os
eunucos a trazer filmes pornográficos para distraí-las e tentavam suborna-los
para que dançarinos do clube das mulheres fossem levados até o harém. Os eunucos
que tentavam ajudar eram torturados e mortos pelos soldados do sheik.
Nesse
momento o brasileiro suava e tremia, enquanto o sheik o analisava, curioso. Com
voz entrecortada indagou como o sheik suportava a tudo aquilo, e obteve
resposta.
-
Mulheres jamais se satisfazem, em hipótese alguma. Sempre querem mais e mais, e
podem levar um homem a loucura. A única opção de um homem designado por Deus
para pagar esse tipo de destino é satisfazer-se com elas, mesmo pagando o
preço, muito alto, de beirar a insanidade o tempo todo.
O
brasileiro saiu de lá traumatizado. Reza a lenda que, uma semana depois
destruiu o drone e cometeu suicídio.
Marcelo Gomes Melo
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