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Para sempre jamais será suficiente


 

Hoje o meu corpo esteve mais próximo do corpo dela. Quase nela. Os nossos perfumes se comunicaram, o calor de nossa pele entrou em contato efervescendo um caldeirão de sensações inexplicáveis, imprescindíveis... A respiração parecia estar no mesmo ritmo e nossos olhares suplicavam por mais!

Sim, é doloroso amar assim, com tão pouco; mas é glorioso amar assim por tão pouco! Quando os pensamentos são tomados e não há volta, o corpo sente e demonstra o que necessita, as sensações apuradas insistem em lhe obrigar a querer loucuras, e a fazer loucuras, caso o senso de responsabilidade não barre a vontade adolescente que nos faz deitar e acordar juntos, mesmo que não estejamos no mesmo lugar fisicamente.

O amor espiritual enleva e tranquiliza, mas o amor carnal é exigente e nos tira da linha, massacra os corações que transbordam de amor, promete prazer inigualável e entrega prazer inigualável desde o início, gotas abençoadas de carícias furtivas, respiração ofegante de amores pendentes, sonhos constantes de cada realização que permanecerá sonho, depois, constantes de cada realização que permanecerá sonho, depois, e realidade, depois sonho, depois realidade.

Você me faz querer mais, petite nuage! Suas tranças no meu peito, suas costas macias, mapa das minhas ávidas mãos. Querer sempre jamais será suficiente!

 

Marcelo Gomes Melo

 

Carta escrita por um doidivanas qualquer


 

Não permita que um dia de feriado prolongado acabe com os seus planos de continuar o trabalho, manter o foco nas atividades pelas quais se responsabiliza apenas para ficar com o amor da sua vida.

Quem é que faria algo assim, insano? As obrigações sempre virão à frente, afinal o que é abraçar em final de tarde sob o morno entardecer fitando a praia com pensamentos distantes de felicidade imediata, quando há tarefas tão mais interessantes como cálculos, argumentações e opiniões políticas a oferecer, participando efetivamente das mudanças as quais acredita serem reais para simplesmente acolher aquela sensação de pertencimento que se tem uma vez na vida!

Volte-se para a frieza dos números, amigo, para a segurança das cartas de cobrança, o texto elaborado para a defesa do cliente... Não seja comum ao ponto de abençoar a paixão de sua vida com todo o desejo necessário, tatuando o corpo dela contra o seu, sussurrando poesia erótica em seu ouvido enquanto lhe acaricia os cabelos!

Sim, cidadão de bem! Cuide do que é realidade, por mais insossa que se pareça. Não alimente o coração com o filé dos desejos, e a consciência com o vinho forte do prazer. Recolha-se à sua insignificância, sente-se sob a luz gelada do necrotério dos sonhos e recomponha-se a ponto de perder as emoções.

Todos que assim procedem garantem um viver de extrema convicção material, aderindo ao patamar glorioso dos cérebros inócuos, mas cobertos por moedas de ouro e riquezas as quais nem todo vivente da espécie jamais imaginaria ter!

É assim que se transforma um ser humano privilegiado por Deus com a capacidade de amar em uma aberração sintetizada pelo egoísmo e materialismo.


 

Marcelo Gomes Melo

 

Ah, o Silva!


 

No meio da reunião anual da empresa, com todo o departamento presente, um deles observou com certa jocosidade:

- Você está com um sorriso diferente no olhar, Silva, uma certa felicidade incontida. Conte-nos a razão.

E por trás da máscara de proteção contra mais um vírus pandêmico pôde- se entrever um sorriso largo de felicidade.

- É, Silva, abra o jogo, meu camarada!

E ele, erguendo-se, pigarreando e empertigando-se, anunciou:

- É que estamos aguardando gêmeos. Sexta-feira iremos ao médico para saber o sexo dos bebês.

Houve uma explosão de gritos, palmas e cumprimentos efusivos ao Silva, que balançou a cabeça, emocionado. Eis que uma daquelas pessoas que têm como arte fazer perguntas óbvias, das quais todos sorriem, mas muitos gostariam de fazer sem ter coragem.

- Parabéns, Silva. Então a sua esposa está grávida?

- Não – ele respondeu de bate-pronto – A vizinha.

Houve um silêncio total entrecortado por risos, olhares orgulhosos e surpresos dos homens, horrorizados e surpresos das mulheres!

E Silva se viu na obrigação de explicar:

- Foi o melhor acordo que fechei em anos, pessoal! Eu verei as crianças, mas ela cuidará; eu darei educação bélica e ela a educação empática; eu cuidarei da alimentação raiz e ela dá alimentação saudável. Ela os encaminhará a psicólogos, e eu aplicarei a psicologia do cipó no lombo... Perfeição!

Homens olhavam com inveja e orgulho incontido pela atitude arrojada do colega. “Por que eu não posso ser como ele?”, pensavam ostensivamente.

As mulheres balançavam a cabeça, desaprovando. Umas apelavam para as regras divinas, as feministas propunham contar para a mulher dele imediatamente. As feministas radicais queriam demiti-lo e torturá-lo em praça pública, castrando-o e usando a suposta vizinha como exemplo de uma mulher frágil, seduzida e enganada...

O burburinho se intensificou, uns querendo de Silva a receita sedutora para tentar o mesmo, outros lamentando não terem vizinhas bonitas... Algumas querendo fuzilá-lo com o olhar, outras fitando-o com pena, e umas com o dedo em riste, pretendendo agredi-lo mortalmente.

Os chefes apareceram imediatamente, os seguranças e os departamentos vizinhos. Os fofoqueiros de plantão cogitaram ligar para a imprensa dado o caso constrangedor, mas outros argumentaram sobre um possível processo por intromissão na vida alheia, o controverso assédio moral a um suposto assediador sexual... Ninguém lembrava que traição não era crime no código penal.

Até que Silva pediu tranquilamente a palavra e informou:

- Pessoal, reconheço que a piada não foi de bom gosto, mas, se estou o dia inteiro aqui, trabalhando, inclusive aos sábados e domingos, como arranjaria tempo até para conhecer a vizinha? Fake News! E foi até à máquina de café servir-se de um capuccino relaxante.

Algumas fêmeas mais radicais ainda permaneceram em dúvida. Jamais o olhariam como antes. Ah, o Silva!

Marcelo Gomes Melo

 

Para ler e refletir

O momento em que não serão necessários

    Dói. E invade destruindo espaços fechados. Abertos. O silêncio dói. Tanto quanto o barulho irritante As palavras malditas, urrad...

Expandindo o pensamento