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Terra de ladrões


Poderia ser um título dos filmes de bangue-bangue Spaghetti estrelados por Clint Eastwood e Giulianno Gemma nos velhos tempos da TV Record às terças-feiras. Uma terra sem lei nem escrúpulos em que o mais forte (armado) pressiona e intimida os mais fracos (desarmados), enriquecem e desfrutam de todos os benefícios do poder e da riqueza, totalmente afastados da realidade.

Esses seres dominantes do bangue-bangue geralmente são espertos, mas não inteligentes; cruéis como selvagens, coiotes, hienas desprezíveis, incapazes de pensar além das próprias necessidades. Gente ruim que contrata gente pior para matar gente inocente e calar vozes pela força. A moeda vale mais do que a vida.

É por isso que surge um herói tão mau quanto os maus que vendem a arma, e a alma aos seus mandantes, só que solitários, rebeldes e desatrelados do sistema, dispostos a lutar por eles mesmos, não necessariamente pelos fracos, porque ninguém luta por fraco nenhum, o problema é deles, fracos; e se formam a maioria são burros por continuarem fracos.

E esses maus que viram heróis não se interessam por isso, porque vivem a vida e não se interessam por grupos sejam quais forem. É aí que surgem os candidatos a herói. Gente covarde que tenta lucrar falsamente prometendo defender necessitados, criando sindicatos de heróis e explorando de todos os lados, aceitando propina para não matar, e fingindo matar para faturar.

A terra é apenas terra. Fruto sagrado da natureza, componente irrefutável do que é necessário para viver. Os ladrões são vermes que pululam o ambiente apenas com intenção de destruir e corroer aos poucos o ouro alheio para existir como parasitas, artistas interpretando um papel, utilizando a falta de caráter inerente para sobreviver em terra inóspita.

Hoje em dia esse título se encaixaria em que tipo de filme? Seria um roteiro perfeito para que tipo de diretores e artistas?

A resposta seria simples e fácil, caso não fosse explicitamente a imagem da vida real?

                 Marcelo Gomes Melo

Sobre o envelhecimento precoce. A lida. I

 

... As pessoas olham para mim e imediatamente contabilizam uns 70 anos de idade, quando de verdade tenho 3º anos menos. Deve ser porque trabalhei a vida inteira de sol a sol, cortando cana de açúcar em Jaú. A minha história pode ser triste, mas justifica essa aparência fora dos padrões desse século em que as pessoas frequentam academias e aplicam melhoramentos para o corpo, antinaturais que garantem juventude eterna, embora de forma corrosiva, nociva e pouco eficiente. Não enxergam o resultado quando se postam em frente ao espelho.

Como dizia, com sete anos de idade eu me levantava às três da madrugada junto com os meus pais; enquanto os meus irmãos menores dormiam, comia um pão seco, sem margarina e uma caneca de café ralo, passado com o mesmo pó por uma semana, pelo menos; depois nos postávamos em frente à casa e esperávamos a chegada do caminhão boia-fria que nos recolhia às quatro em ponto, em plena escuridão, já um calor abafado antes de o sol nascer.

Subíamos no caminhão com os apetrechos de trabalho e as marmitas retangulares de alumínio dentro de um saco plástico contendo nosso almoço, chamado de “bandeira do Japão”: arroz com um ovo frito estralado no centro.

Ao chegarmos ao canavial enterrávamos as marmitas sob a terra para mantê-las aquecidas durante o período em que trabalhávamos incessantemente. Os adultos com foices roçando a cana e as crianças arrastando os feixes até os carrinhos de mão em que outros adultos carregavam para encher os caminhões.

O trabalho sob o sol inclemente continuava até as dez da manhã, quando parávamos para a refeição. O sol ia alto, um para cada um de nós. Bastava desenterrar as marmitas para encontrá-las fervendo. Fazíamos uma colher com casca de cana e nos sentávamos no chão entre os canaviais procurando uma nesga de sombra. Quinze minutos para almoçar antes do retorno ao trabalho. Nos caminhos nos quais circulávamos havia diversos baldes com água e uma concha, para evitar que nos afastássemos para matar a sede.

Por volta das três da tarde nos serviam um pão seco que devorávamos avidamente com água, em pé mesmo. Cinco minutos de tolerância antes do retorno. Dia após dia era assim que funcionava a rotina até as seis da tarde, quando o caminhão encostava e mal tínhamos força para subir na boleia. Nos entregavam cada qual no seu casebre.

O meu pai acendia as velas e conferia os meus irmãos menores, enquanto a minha mãe cozinhava o jantar. Era o mesmo prato do almoço, só que acrescido de sobremesa, uma ou duas toras de cana docinha. Um breve banho frio, mamadeira de mingau de arroz para os pequenos e, por volta das nove, breu total, adormecíamos exaustos, sem pensar em nada. Para reiniciarmos o ciclo às três da madrugada do dia seguinte...

                                                           Continua...

 

  

Marcelo Gomes Melo

 

 

Quantos são?


     Quantos são os que, tratados como ratos de laboratório se deixam intimidar pelos brados dos que têm ouvidos moucos e olhos que não enxergam, e orgulham-se em passar a fazer parte de um grupo, para eles seleto, mas na verdade cada vez maior de insensatos domináveis à distância através de um vírus digital que se espalha rapidamente e os transforma em zumbis, caixas de ressonância, repetidores fiéis das barbáries difundidas de forma que não sejam perceptíveis, apenas tomem conta de seus cérebros ocos e os controle facilmente?

Quantos são aqueles sem amor-próprio lutando por causas desnecessárias, matando por nada, morrendo por serem considerados subumanos nocivos como pragas de ratos ou pombos? Os que rastejam na lama espalhada pelos seus senhores, gente a quem não conhecem, jamais viram, ouviram falar ou conhecerão em vida. Talvez esses sejam os novos exemplares de humanos que se autodestruirão para que uma nova leva, com pensamentos programados e atitudes previsíveis formem uma unidade sem vida, sem gosto próprio, sem sabor... Os que viverão como os seus programadores desejam, pelo tempo que seus comandantes necessitem, realizando uma existência na qual não têm o poder de opinar, perderam o livre-arbítrio completamente e passaram de ratos para objetos puramente decorativos e destrutíveis ao prazer dos seus mandatários.

Quantos são os que renunciaram ao raciocínio para ter a mente corroída pelo ócio, inatividade, incapacidade de formular conceitos e direcionar planos coletivos e individuais, que realmente colabore com a evolução da espécie, preferindo migalhas como pombos, reproduzindo-se aleatoriamente até que seja necessária uma eliminação irrestrita para conseguir equilibrar a balança da superpopulação. Mortos sem ninguém para honrá-los, porque a honra lhes foi tirada. Uma época de ruptura em que o planeta se revolta e os donos do mundo se regozijam buscando a eternidade através dos bilhões que possuem e de uma tecnologia que acreditam dominar. Até o dia em que não.

Marcelo Gomes Melo

Para ler e refletir

O momento em que não serão necessários

    Dói. E invade destruindo espaços fechados. Abertos. O silêncio dói. Tanto quanto o barulho irritante As palavras malditas, urrad...

Expandindo o pensamento