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                                   Szerelem
 
Talvez seja arte



Talvez seja a parte crucial do
Quebra cabeças escondido na
Parte escura do último suspiro
Apaixonado.
Quem sabe o caminho do arranhão
Provocado
Pelo carinho percorrido no peito
Banhado com sangue e lágrimas
Alternadamente...
Eu te amo quando o tempo para
E teu sorriso me enquadra!
E esqueço de mim para me lembrar
De você.
Estilhaços no espelho me dividem
E o espaço entre eles
É você, e preenche entrelinhas
Entre minhas mãos ansiosas
Estrelinhas entrevistas através
Dos hangares.
Os olhos dela podem conter tantos sonhos!
Talvez o mapa do amor sejam manchas roxas
Nas coxas;
Eu só sei que ser seu é inevitável...
 
Não se trata se rimas de amor. É o que se sente quando se está além de todas as perspectivas naturais.
 
                                Marcelo Gomes Melo


        Filhos da revolução. Herdeiros de uma época cruel.


         Nos anos oitenta, esplendor do século vinte em termos de moda inútil e futilidades efervescentes ainda havia contestação no país. A juventude apresentava resquícios de cérebros ativo, criavam em vez de copiar, produziam e demonstravam alguma consciência do caos que os cercava, da deterioração cultural que estava em pleno curso, paralelo aos adventos tecnológicos que surgiriam para facilitar a vida de todos.

          Renato Russo, a voz da Legião Urbana, famosa banda brasileira de rock já apregoava versos proféticos: “Desde pequenos nós comemos lixo/Comercial, industrial/Mas agora chegou nossa vez/Vamos cuspir de volta o lixo/Em cima de vocês”. Os filhos da revolução estão na ativa hoje em dia, completamente alienados, fraudando vestibulares, invadindo shoppings dispostos a consumir lixo; fazendo coisas que não exija deles algo difícil como exercitar a mente, colaborar com a sociedade preparando-se adequadamente para adentrar o mercado de trabalho e atuar como cidadãos conscientes e participativos.

          Os herdeiros de uma época cruel agora queimam indígenas e mendigos vivos pelas ruas, agridem pessoas com orientação sexual diferente, alimentam ódio gratuito às instituições sem fim lucrativo ou religiosas, usam e abusam de um vocabulário finito, composto em 80% de palavrões e, “tipo assim”, vícios de linguagem... Não se interessam por nada que os obrigue a raciocinar, como os destinos do país e a sobrevivência do planeta, abominam estudar, desconhecem o sentido de hierarquia e respeito. A arte produzida por eles parece cópia, diluída como feijão com muita água, sem qualquer traço de preocupação política ou social, apenas a expansão do vazio.

          Eles não investem em si mesmos, aprimorando o intelecto e sabendo que, como no ditado americano “sem dor, não há ganho”. Dão a impressão de vegetar à espera de um final; qualquer final. Uma geração inteira assim representa o final dos tempos?

          Espera aí, geração inteira? Não. Há exceções. Isso garante o mínimo de esperança para um futuro diferente, mudando para melhor vidas normais.

                                                Marcelo Gomes Melo

        Sinopse: Sexo arrancado do medo, o livro


O livro trata da ascensão social e profissional de Nemésio Valerenga, jovem nordestino oriundo de uma pequena cidade nos confins da terra seca, lugar em que jamais alguém havia visto mais do que um galão de água suja por meses. A chuva era artigo raro e as almas do lugar eram esturricadas por natureza.

Nemésio fora o primeiro garoto da região a ter acesso ao estudo, em outra cidadezinha distante, mais avançada do que todas as outras, em que havia até água potável! Ele fora o primeiro ser de sua região a enxergar uma fonte de água límpida, jorrando o néctar dos deuses. Também fora o primeiro a levar uma quartinha de água potável para o seu vilarejo diariamente, atitude que lhe valeu a alcunha de anjo das águas; virou uma celebridade do sertão, um Moisés levando um pedaço de rio para o povo saborear.

Quando Nemésio conseguiu um filtro, desses de barro, e levou para a cidade, foi aclamado como um rei! O filtro foi colocado no centro da única praça, protegido por cabras machos armados com peixeiras afiadas, e passara a ser adorado como o deus do lugar. Nemésio virou um semideus.

O prefeito marcou uma festança para a inauguração do filtro, evento que reuniu todo o povo do lugar na pracinha, inclusive Nemésio, vestido com sua roupa de missa; camisa bufante branca e jaqueta curta de toureiro espanhol com uma enorme rosa bordada às costas. A calça cinza com uma faixa rosa de cada lado e os sapatos de couro de cobra com salto carrapeta completavam o vestuário.

Eis a primeira tragédia de sua triste vida: o pai, boiadeiro orgulhoso pelo filho fizera questão de dançar frevo sob o sol escaldante do meio dia por horas, até o entardecer, em homenagem ao evento. Antes de iniciar-se a inauguração, o velho tropeçou após horas de dança, desabando sobre o precioso filtro, deus do vilarejo sem água. A reação do povo ao ver o filtro partir-se em mil pedaços, espalhando a água vital pelo chão rachado foi brutal. O linchamento do velho foi imediato. A mãe morreu ali mesmo, e Nemésio, no meio da confusão se viu obrigado a fugir num pau de arara rumo a São Paulo, deixando tudo para trás, inclusive os pais mortos.

Na cidade grande, vestido como toureiro espanhol, teve a sorte de conseguir trabalho como ajudante em um boteco obscuro. Trabalhando com afinco logo foi promovido a garçom. Foi assim que a sorte lhe sorriu. Um dia calhou de servir ao casal Teffé, Julius e Marlene, que em breve se transformariam em novos milionários e o levariam para atuar como mordomo.

Mudaram-lhe o nome e lhe ensinaram o pouco que sabiam, ou julgavam saber sobre regras de etiqueta social. A vida do sertanejo filho da seca decolou.

Foi aí que a segunda tragédia deu as caras: ele foi o portador de uma carta anônima endereçada ao patrão, expondo Marlene Teffé, a patroa, como adúltera descarada. O marido ficou furioso e contratou uma detetive para descobrir o traidor. Aos olhos de todos os outros, da própria Marlene até a arrumadeira sado masoquista da casa, o mordomo passou a ser o principal suspeito, subscrevendo o clichê.

A vida do mordomo passou a ser atormentada pela patroa, que passou a chantageá-lo, ameaçando contar ao marido que ele fora o autor da carta difamatória. Em troca do silêncio dela, Nemésio se tornaria seu escravo sexual. Mas a história dele não se limitou a isso; também passou a ser chantageado pela arrumadeira e até pelo motorista da mansão. Nemésio passou a viver com medo, torturado física e psicologicamente enquanto buscava uma saída para o seu tormento.

A pergunta que não queria calar era: conseguiria Nemésio manter-se vivo até se livrar das chantagens?

O livro Sexo arrancado do medo pode ser encontrado no clube de autores, em formato físico e digital. Um bom presente para as férias de quem gosta de ler.

 
                                     
                                            Marcelo Gomes Melo

       T+H= S: Equação universal para um mundo melhor


           Todo fim de ano é a mesma coisa. Vamos fazer uma conscientização individual e coletiva, um apanhado de todas as ações realizadas durante um ano estressante, penoso e extremamente cansativo.

          Durante essa tomada de consciência separaremos o tempo desperdiçado, as decisões mal tomadas, as falhas e deslizes, o comportamento errático ao lidar com as emoções, das boas ações entrecortadas, das atividades enriquecedoras que mudaram para melhor a nós mesmos e ao mundo; faremos um back up do que é bom e descartaremos o restante, pelo menos na teoria. Tudo isso porque estamos sob o propalado espírito natalino. Isso nos impele a ser pessoas melhores, amando ao próximo pelo menos até o final das festas de fim de ano.

          Quando o ano novo se iniciar, as novas resoluções, a luta pela paz mundial, a promessa pela paz interior e pelas ações dignas e respeitáveis, todas as hipocrisias pré-moldadas para consumo exterior são esquecidas sob as garrafas de champagne vazias, e o que se traz consigo é a mediocridade, egoísmo e desconfiança, pura e simplesmente.

          É assim a vida há séculos. Promessas vazias de fim de ano.

          Entretanto há uma equação universal, e caso seguida à risca transformará meros mortais em cidadãos com paz de espírito real, capazes de agir em prol de um Bem maior, como, por exemplo, conservar o planeta e a natureza com ações simples e pessoais, contribuindo para que o habitat humano se torne mais puro e seus habitantes convivam harmonicamente, com felicidade e tranquilidade, dispostos a aprender coletivamente e evoluir constantemente, de forma verdadeira, não apenas em sonhos.

          Essa equação não requer conhecimento matemático ou científico, apenas discernimento e boa vontade. É a chave para os problemas do universo e ponto de partida para a resolução dos problemas pessoais e pode ser encontrada facilmente, dentro de si, bastando desejar incondicionalmente.

          Se ainda não descobriu, é simples! Tolerância+humildade= Serenidade. Basta estudar, aprender, cultivar e utilizar tal equação com eficiência. Ela abrirá novas portas e indicará caminhos maravilhosos. Caminhos interiores e, consequentemente, exteriores. Não para um ano novo, mas para uma vida nova!

          Essa equação não propõe que tudo seja perfeito. Propõe o alcance do equilíbrio pessoal, que tornará cada um em alguém especial, capaz de controlar e balancear as expectativas, diminuindo o estresse e a intolerância, a arrogância e o cinismo que são os “valores” da sociedade de início de século, acrescentando fé e serenidade para que todos consigam encontrar seu espaço adequado no planeta.

          Pensemos nisso. Cabe a nós. Sempre.


                                                      Marcelo Gomes Melo

 



           A ferramenta mais poderosa da face da Terra

 
            Hoje em dia ninguém faz mais nada sem a prodigiosa ajuda da mídia. Ninguém compra uma tevê que não lhe proporcione status, nem compra um automóvel que pessoas importantes não tenham nem recomendem; ninguém assiste a um filme que não seja aclamado pela crítica ou curtido por trilhões de desconhecidos nas redes sociais.
           Será que o ser humano perdeu a capacidade de analisar as coisas por si mesmo? São todos incapazes de gostar de algo que não seja abonado por uma grande maioria? É mais confortável ser parte da maioria, escondendo convicções em nome de fazer parte de uma maioria zumbi, cega para os detalhes que possam ser de maior utilidade em determinados casos e lhe tiraria da imensa base da pirâmide de seguidores sem opinião própria?
           Pessoas que votam no candidato que acham que vai vencer a eleição, mesmo que não acreditem nele nem em suas propostas têm apenas um objetivo, que é dizer com orgulho que faz parte do lado vencedor. Não interessa que isso lhes custe a opinião própria, os ideais ou até algum lucro, moral ou financeiro.
          Quem é que compra um produto sem esperar que milhares de rostos sorridentes o convençam na televisão, tomando os seus comentários como verdadeiros além do próprio julgamento?
          E as atividades culturais? Só se assiste a uma peça teatral se os atores aparecerem em novelas, só se compra uma música se ela for cantada eternamente em todos os lugares da moda, mesmo que seja de qualidade duvidosa, só se compra um livro se o autor for alguém que cause polêmica suficiente para torná-lo celebridade, porque o status social deve ser mais importante do que a obra para essas pessoas; o conteúdo não é muito importante, afinal, na maioria das vezes nem será lido mesmo, servirá como peso para segurar a porta.
         Por que cada vez mais as pessoas sentem enorme desconforto em tomar as próprias decisões, sem seguir a boiada? Autonomia vale ouro! Livre arbítrio é essencial!
        Tomar as próprias decisões é a última barreira que impede que se faça parte da população dominada e direcionada pelas opiniões alheias sem fundamento e importância pessoal, porque vão de encontro às convicções enraizadas na alma. E são essas convicções que impulsionam e mudam o mundo!
 
                                     Marcelo Gomes Melo
                                  
        Pequenos tiranos dominando a sociedade brasileira
    


          Os pequenos tiranos, armados com seus ternos Armani e gel perfumado nos cabelos caminham impávidos, de peito estufado e olhar acima do horizonte, procurando por qualquer câmera de televisão para derramar sua verborragia inócua aos microfones, ávidos por demonstrar status, riqueza, arrogância e imbecilidade.

          São esses tiranos os que manipulam as leis e as distorcem ao seu bel prazer, não hesitando em utilizá-las de acordo com os próprios interesses, buscando ampliar o poder e beneficiar a si e aos seus protegidos importantes, os donos do dinheiro.

          Criadores de terroristas, é o que esses pequenos tiranos são! Para o próprio deleite adoram contrariar o desejo do povo, citando a base legal como desculpa, desdenhando dos que, segundo eles, desconhecem a letra fria da lei. Mas são legalistas desprovidos de senso de justiça; e a lei sem justiça, não serve ao povo. Tais pequenos tiranos sentem-se deuses, capazes de tudo, quando fazem ouvidos moucos aos clamores das ruas. Subjugar os desejos da população sob uma epiderme legal fria e fina como gelo é o seu afrodisíaco.

          É por isso que, em um país que jamais produziu terroristas natos, há a ampla possibilidade de surgirem radicalistas extremos fruto da ação manipulatória sem medidas desses tiranos em miniatura, os novos playboys das praias, que exacerbam do direito de ser cruéis até que percebam o caminho sem volta no qual se encontram. Não são deuses, são seres mimados advindos de berços de ouro que agora exercem o poder de manipular as leis criadas por seus ancestrais e se julgam acima do Bem e do Mal. Esse tipo de gente costuma perceber que exagerou apenas quando as massas batem às suas portas, cobrando a conta pela ditadura branca. E quando isso acontecer será tarde demais.
                              


                                          Marcelo Gomes Melo



Divagações a respeito dos exageros: pais e filhos são parceiros?

                     
          “Mãe é mãe/Paca é paca/Mas mulher... Mulher não!”

                                                                                                                                                                       (Casseta & Planeta)

 

          Pai é pai, não é amigo. Mãe é mãe, não é amiga. Professor é professor, não é amigo. Partindo desse princípio simples é possível entender por que razão as coisas andam de cabeça para baixo; a banana está comendo o macaco!

          Quando venderam a ideia, através das mídias, de que os pais precisavam ser amiguinhos dos filhos, disseram “Sejam como eles, ajam com seus filhos como os amigos agem”; ou pelo menos assim foi entendido.

          Amigos são cúmplices. Um amigo de verdade compartilha deslizes com o outro, conta os erros cometidos, as falcatruas adolescentes, muitas vezes sem perigo algum. Se por acaso um deles cometer algum erro um pouco maior, será acobertado pelo amigo com a maior naturalidade, pois esse é o código de amizade adolescente.

          Amigos frequentam os mesmos lugares, transgridem regras juntos, principalmente nessa fase da adolescência... Então, pais amiguinhos devem agir assim com seus filhos? Se eles forem mal no colégio, tudo bem. Se destratarem a professores e funcionários, superiores hierárquicos imediatos, tudo bem, não é nada. Afinal, amigo é para essas coisas, não é mesmo?

          Imagine duas situações que elevam essa tese de que pais e filhos devam ser “amigos compadres” á máxima potência. A primeira: uma zelosa mãe, que acredita piamente que ser “parceira” dos filhos é essencial, pois a mantém informada de tudo o que fazem e torna a comunicação bem mais fácil, como afirmam os pensadores da educação e do comportamento, além de ser uma atitude moderna que proporciona status. Então ela veste a minissaia vermelha como os lábios e as unhas e parte alegre para a balada, mastigando chiclete com a filha e a galera, num ambiente alucinante, com bebidas alcoólicas em cores que ela jamais viu, se divertindo como nunca no ambiente em que a maioria, inclusive a filha, engole pastilhas com a bebida. “Que tanta preocupação os jovens demonstram com a garganta!”, pensa ela; e acha perfeitamente normal o argumento da filha de que as pastilhas servem para aumentar a diversão.

          No segundo evento, o paizão, que trata o garoto de dezesseis anos como “mano”, entrega as chaves do carro e uma cerveja nas mãos dele e diz com orgulho de um igual: “parte para cima, filhão”.

          Logo o sanguinolento noticiário da tevê trará a notícia de atropelamento e fuga. As vítimas, trabalhadores e famílias de pedestres. Cobrindo o fato com estardalhaço e helicópteros, a mídia ganha dinheiro com publicidade e prestígio com seu circo de horrores entremeado por comerciais, tomando por base as desgraças dos desfavorecidos.

          Em ambos os casos, “pais que se julgam amiguinhos dos filhos ao extremo” em ação. Ser pai ou mãe é ser muito mais do que amigo; é ter a responsabilidade de ensinar, orientar e proteger a quem se colocou no mundo. E cuidar para que saibam diferenciar certo e errado, respeitar leis, conhecer primeiro os seus deveres e então seus direitos; levar em consideração os direitos alheios, agir com ética e respeitar aos adultos. Para que tudo isso aconteça, superando as intempéries que sempre surgem, as pedras no meio do caminho é preciso ser muito mais do que amigo, não? Amigos são iguais, e iguais não precisam tomar esse tipo de decisão.

          O exagero as ações ditadas pela mídia, sem análise detalhada de suas consequências pode levar ao caos familiar, e consequentemente social. Eis a razão para manter a mente aberta e atenta, em nome dos reais valores paternos e maternos.
 
                                        Marcelo Gomes Melo
                                       

 

 



     A escola que temos e a escola que queremos


     “Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
     Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
    Que segue, companheiro indolente de viagem,
    O navio que sobre os abismos caminha.

    Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
    Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
    Deixa doridamente as grandes e alvas asas
    Como remos cair e arrastar-se a seu lado.

    Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
    Ave tão bela, como está cômica e feia!
    Um o irrita chegando ao seu bico um cachimbo,
    Outro se põe a imitar o enfermo que coxeia!

    O Poeta é semelhante ao príncipe da altura
    Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
    Exilado no chão, em meio à corja impura,
    As asas de gigante impedem-no de andar.”

                              O Albatroz (Charles Baudelaire, Flores do mal)

          Já dizia o velho e bom poeta francês Baudelaire, como citado acima em “O Albatroz”: em meio à corja impura, exilado de seus dotes e dons, até o mais preparado dos príncipes se vê impedido de evoluir.

          É claro que ele se referia aos defeitos imperceptíveis da ave, admirada à distância por sua destreza fenomenal pelos céus azuis e entre as nuvens de algodão; defeitos que o impediam de se destacar fora de seu habitat natural que o ajudava a chegar ainda mais longe, parecendo mais eficiente e mais belo. Transportando a ideia para os dias atuais, façamos uma analogia tomando por base a juventude em pleno desenvolvimento intelectual. Como fazê-los evoluir e desenvolver o talento pessoal, que é único em cada um, sem reconhecer neles qualquer talento?

          E como proceder para reconhecer qualquer talento numa situação de extrema rebeldia, em que jovens com talentos perceptíveis, e a maioria nem tanto, se misturam e convivem num ambiente no qual se destaca sempre o pior de cada um, como se estivessem alheios ao seu habitat, sendo repudiados pelas atitudes bizarras e taxados como incompetentes por natureza, entre tantos outros adjetivos pouco lisonjeiros?

          Talvez seja necessário um pouco de tolerância para perceber neles alguma fagulha de talento, algum sentimento bom que seja usado para transformá-los; algo que se multiplique e consiga sobrepujar todos os problemas que carregam consigo desde o início das vidas, herdadas dos parentes e do ambiente em que vivem. Talvez.

          Quem sabe respeitando o parco, mas importante conhecimento de mundo que trazem com eles? Parco por causa do curto tempo de vida. É esse conhecimento que lhes serve de base para equilibrar suas mentes ainda dominadas pelos instintos básicos, mentes abertas para o que é bom e para o que é ruim, indiscriminadamente, mas que, como imãs, seguem o rumo mais fácil por estarem à vista, seduzindo através de imagens e sons, e tudo à volta deles. Seu modo de falar, de ler, de se comunicar é tudo o que eles possuem! Para que virem albatrozes no ar é preciso que descubram seus próprios talentos e decolem; mas isso é extremamente complicado sem a orientação, sem a ajuda de profissionais da educação comprometidos e competentes, dispostos a realizar essa etapa na vida deles.

          E para que seja possível que os jovens recebam tal ajuda, esses profissionais da educação necessitam que sua autoridade seja restaurada! Que a confiança em seus serviços seja plena e que haja uma hierarquia definida e clara, algo que sempre houve em tempos idos e hoje não mais existe, fruto das políticas idiotizantes sugerindo atitudes ridículas para chamar a atenção e motivar a juventude, como se estudar, adquirir cultura e construir o próprio caráter para contribuir socialmente durante o restante da vida precisasse de motivação!

          Unir métodos novos, mídias diversas para incentivar e tornar o acesso a mais conhecimento, devidamente filtrado é essencial, desde que no mesmo pacote esteja noção de hierarquia, capacidade de reconhecer e respeitar aos profissionais e às pessoas mais velhas da mesma forma que a si mesmos, isso não perde a validade nunca.

          Sem a noção da importância intrínseca da educação e de seus profissionais para o restante de suas vidas, algo que anda nebuloso dada a tendência de misturar educação a política partidária, e até desmerecer a real importância do ensino, estaremos produzindo apenas lutadores. Lutadores na arena da morte nos estádios de futebol, alheios a todo o benefício que estão à sua disposição, gratuitamente. O paradoxal é que, quando as pessoas se interessavam em educar-se, o acesso era mínimo e restrito.

          Poetas são como albatrozes, já dizia Baudelaire. Jovens e educadores, também.
                                                   
                                             Marcelo Gomes Melo

   Quem vai dar a primeira estilingada na barata alheia?


          Dizem ser intrínseco ao ser humano a vontade de julgar aos seus semelhantes. O fazem desmesuradamente e sem nenhum pudor. Falando mal de Deus e de todo mundo como esporte e falta do que fazer.

          Como isso é feito indiscriminadamente e com reciprocidade, não há culpados ou inocentes; quem prejulga hoje, sem se preocupar em analisar motivos, razões ou necessidades alheias, será vítima do mesmo veneno num futuro muito próximo.

          As atrações dos meios de comunicação hoje em dia envolvem falar da vida alheia, expor fatos que deveriam ser mantidos na intimidade de qualquer pessoa normal, famosa ou não, e como em um circo debater abertamente criticando, opinando como se tivessem o direito de dizer aos outros o que fazer e como se comportar.

          Estamos em uma guerra, e as pessoas se utilizam das armas que possuem. Quando criticam, os indivíduos focam nos pecados alheios e esquecem dos próprios, agindo de maneira hipócrita e achando que as vítimas de sua fúria são sempre piores de caráter e desconhecedores da decência.

          Para citar um caso peculiar, a moça que se diz modelo e atriz, Andressa Urach, expondo-se em um programa de tevê polêmico, de humor duvidoso, que toma por base os preconceitos para fazer rir, conscientemente falando de suas intimidades sexuais em linguajar chulo, em princípio, para o julgamento público sem necessidade alguma. E uma chuva de adjetivos, impropérios e xingamentos são destinados à moça, que só faltou ser chamada de santa nas redes sociais.

          O paradoxal nisso tudo é que as mesmas pessoas que julgam são as que assistem ao programa! E, além disso, são as que permitem que suas crianças assistam e tomem como exemplo o comportamento da garota, criticado por eles. Ninguém pensou que talvez houvesse um motivo, ou mil motivos para que ela aceitasse se expor dessa forma; e que esses motivos por si só justificariam suas atitudes.

          O que precisa ficar claro é que o maior censor que existe atende pelo nome de controle remoto. Ao invés de assistir para criticar ou contribuir para o aumento de audiência e alimentar a existência desse tipo de programa ou de exposição íntima hardcore desnecessária, basta acioná-lo e trocar de canal.

          Para manter a sanidade e os seus princípios, troque o canal!
                                    
                                            
                                       Marcelo Gomes Melo

      O estado de corrupção não pode durar para sempre!


          Deparei-me com uma enquete sui generis nas minhas recentes andanças pela internet. Desses que nos fazem sorrir e em seguida nos fazem pensar; tanto que a reproduzi em meu blog como curiosidade.

          A enquete fazia a seguinte pergunta: “Qual é a classe profissional mais corrupta da sociedade brasileira no século XXI?”. E as alternativas, conseguidas após intenso debate, divertido e filosófico, irado e objetivo numa espécie de fórum informal, do qual participaram diversas pessoas de diversas idades, profissões e entendimento de mundo, foram as seguintes:

          Primeiro a mais destacada e votada por razões óbvias, tendo em vista a decadência moral, o descaso com a coisa pública e o objetivo ostensivo e insaciável de roubar, enriquecer, enganar e usar a população sem nenhum tipo de drama de consciência; a classe que, desde que p mundo é mundo lidera a descrença e desconfiança das pessoas, mas que atualmente é sinônimo de todas as coisas ruins que se pode fazer para prejudicar nações. A famigerada classe política.

          É claro que não foi surpreendente; os participantes argumentaram sobre uma pequena parcela de políticos honestos, mas que são engolidos pela máquina e corrompidos pelo poder e pelo dinheiro. Carimbo decretado: a classe corrupta número um do Brasil.

          Há que lembrar tratar-se de uma pequena parcela de pessoas, mas que representam vários níveis sociais se manifestando democraticamente através do instrumento mais democrático do momento, a internet.

          A partir daí, algumas surpresas, como o segundo lugar ter ficado com a classe dos jornalistas esportivos, acusada de agregar profissionais mal formados ou nem formados intelectualmente, demonstrando uma total propensão à parcialidade, escolhendo lados, de preferência os que proporcionem mais fama, IBOPE, dinheiro...

          O primeiro mandamento que é noticiar imparcialmente, ouvindo a todos os lados sem exprimir juízo de valor parece ter sido esquecido, e a feitura de lobbies que preservem interesses próprios em detrimento da notícia também colaborou para o asco demonstrado pelos debatedores, embora frisando que lidar com tanta emoção e sem o mínimo preparo, portando-se como torcedores contribui imensamente para o descrédito da classe profissional.

          Em terceiro lugar mais uma surpresa, principalmente por aparecerem baixo dos jornalistas esportivos, mas à frente da última das alternativas. Trata-se da classe dos advogados do país, acusados de distorcer a lei e , por dinheiro estar dispostos a condenar as próprias mães, foram descritos como corruptos por escolha da profissão, e portanto não merecem nenhum tipo de desconfiança, em momento algum de suas vidas, nem nas folgas. Para um advogado, a própria esposa pode ser um instrumento de corrupção.

          Também nesse caso destacou-se o fato de que as pessoas são hipócritas, por correrem sem hesitação em busca de um advogado logo que a necessidade se apresente. Além disso, alguém precisa fazer o trabalho sujo para manter a sociedade em equilíbrio! Tal argumento foi refutado pelo simples fato de que os pobres jamais são tratados em igualdade de condições.

          Para fechar, a última alternativa foi igualmente aterradora, por estar em quarto lugar nas escolhas e por ser considerada uma “classe profissional”. Bandidos, punguistas, ladrões e desonestos em geral, arrebanhados como uma única classe foram citados como corruptos menores; e definidos assim tanto por cometerem delitos financeiramente insignificantes em relação aos citados anteriormente, quanto por, muitas vezes não enxergarem tais delitos como algo constrangedor ou passíveis de punição.

          O batedor de carteiras, o enganador de velhinhos na fila do caixa eletrônico, os subornadores e os subornados em multas de trânsito, fiscalização da prefeitura, “proteção” a estabelecimentos comerciais...

          No fim de tudo, as pessoas sorriem e dão de ombros, afinal não mudarão nada socialmente criando esse ranking que todos conhecem e repudiam, mesmo que façam parte dele. Resta em nós aquele gosto amargo na boca, aquele sabor de impotência ante tal estado de coisas; a certeza de que a hipocrisia, a descrença, a tristeza e a falta de fé são as palavras de ordem tatuadas em nossos corações e mentes.

          Mas isso não pode ser para sempre! Fim de ano é época de reflexão, e deve vir acompanhada de ação, o mais rápido possível. Por que nós podemos!
                                             
                                       Marcelo Gomes Melo

Para ler e refletir

A lapa voluptuosa

  Era uma lapa de bife de uns cinco quilos, sem mentira nenhuma! Estava lá, exposto para quem quisesse ver e desejar, rosado, fresco, maci...

Expandindo o pensamento