Parafraseando
Drummond
Parafraseando o poeta
mineiro Carlos Drummond de Andrade, perfeito retratista do rotineiro, com
sensibilidade e percepção à flor da pele, mesmo que sem uma ínfima parte de sua
perfeição poética, mas com intuito de retratar a odisseia de um povo pacífico
frente a uma copa que representa a máxima expressão da megalomania dos
políticos, que atropelam o povo, dão ré e atropelam novamente em nome das
burras cheias de dinheiro desviado, legados prometidos e não executados, e
novas promessas realizadas na cara dura mirando uma eleição próxima. Enfim,
toda aquela safadeza que todos conhecem...
E a copa chegou!
O pensamento do povo
Em lixão transformou
Reciclando a alma pós-lavagem cerebral
O rio secou, a água acabou
O mar de dinheiro se esvaiu
Pelos bolsos dos corruptos
Falastrões preparados,
Fanfarrões destronados
Com alma estrangeira e conhecimento rasteiro
E agora, Joseph?
O povo cansou, a rua encheu
Manifesto explodiu, o corrupto tremeu,
Safardana correu
Consciência despertou
Prometeu sem fazer,
Prometeu, prometeu
What about now, Joseph?
A copa chegou
A rua se pintou
O povo se entusiasmou
A cerveja correu
E se o Brasil faturar?
Se o seu Brasil ganhar?
O protesto morreu?
E agora, Joseph?
Quem vendeu o Brasil?
E a bola encheu, enquanto a bola murchou
Quem dinheiro gastou, e propina levou
Vai escapar do calor
Do pensamento dos homens
Do julgamento de Deus?
E agora, meu bom Joseph?
Marcelo
Gomes Melo
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