O alumínio das panelas não brilhava mais do
que os olhos de quem os esfregava com carinho profissional, do lado de dentro
da neve que asfixiava o calor lá fora, e a rua comprida levava a lugar nenhum.
Os olhos apagados de quem procurava diamantes
sob o barro e a lama, com as mãos rústicas não podia oferecer mais do que
berilos, embora o que descobrissem não parecesse ter qualquer beleza em um
primeiro momento. O original que, burilado se transformaria no destino de
muitos.
A luz natural emerge sem aviso, da mesma
forma como o coração recebe através dos olhares e dos toques suaves, o amor
contumaz, que pode se transformar em febre e levar a delírios inimagináveis.
No deserto mascando peyote, o velho indígena
ajeita o manto sobre os ombros e respira o ar noturno gelado, aparentemente
imune à enorme lua fria no céu azul marinho, e ao puma à espreita no alto da
montanha, aconchegado entre as pedras que ferveram durante o dia, mas à noite
oferta uma temperatura quase neutra.
Os dias continuam, lentos para as árvores
milenares, velozes para as mentes com prazo de validade. As certezas mudam como
as estações do ano, só que imperceptivelmente, até que seja tarde demais.