As
gêmeas adoravam brincar com as mentes maleáveis dos garotos e dos homens. Elas
tinham um humor peculiar e uma propensão ao sexo herdada dos seus pais
liberais, que difundiam através de inúmeras teses acadêmicas e experimentos
reais, criando uma naturalidade incrível para as coisas de Deus, aceitando sem
hipocrisia ou vergonha algo que fazia parte da construção afetivo-emocional dos
seres humanos.
Em
uma sociedade hipócrita por natureza, esse comportamento das gêmeas os
incomodava demais, embora os atraísse e hipnotizasse. Quando saíam vestidas
precariamente e de forma igual, lindas, sexys, deliciosas e cheirosas, todos os
olhares acusadores não faziam questão de se esconder, e as comiam com o olhar e
pensamento.
Elas
não se importavam e sabiam que muitas gostariam de fazer o mesmo e ser como
elas, até o eram, na surdina, e ainda assim as recriminavam. Muitos queriam
substituir os seus parceiros e provar das técnicas carinhosas que se elas
sabiam fazer.
As
gêmeas eram independentes e impacientes com pessoas infantis, faziam jogos
mirabolantes nos quais uma substituía à outra sem que ninguém percebesse,
oferecendo prazeres opostos aos que estavam sendo oferecidos. Enquanto uma
dominava, a outra era submissa; enquanto uma era sensual, a outra era visceral;
se uma demonstrava classe, a outra, vulgaridade.
Pessoas
morreriam para ter alguns momentos com elas! Juntavam moedas sem pudor, vendiam
casas, automóveis, até mesmo um rim para alcançar o suposto prazer infinito.
Nunca houve reclamações. Houve quem morresse no ato, infarto fulminante, e
foram prestar contas ao inferno com prazer e um sorriso no rosto.
Os
que sofreram AVC e ficaram sem voz nem movimentos mantiveram pelo menos o
brilho da via láctea nos olhos, e, se perguntados, balbuciariam quer valeu a
pena e realizariam tudo outra vez, mesmo com o resultado desfavorável
fisicamente.
As
gêmeas representavam o impossível na vida de uma pessoa, aquilo com que sonhavam
a vida toda e jamais alcançariam; ganhar na loteria, visitar a Disneylândia,
comprar uma Ferrari... Era assim que pessoas comuns levavam a vida.
Marcelo Gomes Melo
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