O
sol, belíssimo espalha-se pela Terra, generoso, aquecendo os seus raios
dourados cada canto em que toca. O céu, azul, de brigadeiro emoldura o planeta
com pouquíssimas nuvens de algodão, a brisa morna balança as cortinas das janelas
abertas, arejando o ambiente solitário.
Na
rua não há barulho de motores nem de vozes, buzinas, gritos nem murmúrios. O
silêncio invade os nossos ouvidos e colabora para que os olhos enxerguem toda a
beleza ainda mais perfeita do que a imagem em 4k. É visualizar a perfeição da
vida natural em seu auge, proporcionada por Deus aos filhos rebeldes que não
enxergam que essa é a verdadeira eternidade. E ao que parece, seres humanos não
fazem parte disso. Tirados da equação por medidas que visam salvaguardá-los
deles mesmos, intimidados por um vírus invisível aos olhos humanos que
extermina violentamente, infectando e eliminando com uma velocidade muito maior
do que a que têm de raciocinar.
Meros
humanos, contemplamos. Com apreensão que logo se tornará medo, depois em
desespero e, por fim pânico. E esse estado em seres humanos causa destruição em
massa, pela fragilidade intelectual, física e mental que nos torna selvagens
degenerados, prontos a eliminar os próprios pares demonstrando poder, para
manter bens, perecíveis ou não, egoístas por dna, irracionais com uma capa
falsa de serenidade que tomba ao menor problema que atinja a sensação errada de
segurança que julgam ter. Segurança individual, que jamais visa compartilhar
qualquer coisa, a não ser que pertença aos outros! Ninguém divide nada, apenas
aplaude a quem o faz, e se puder ainda entrará na fila, mesmo sem precisar para
adquirir mais para si.
O
que acalma a desolação humana é o contato. Dos olhos, dos sorrisos, das mãos,
mesmo que leve e rapidamente, um roçar apenas detectado pelos que se roçaram. O
contato físico, os abraços, apertos de mão, os beijos, os cheiros, encostar
ombro a ombro, é o que faz aflorar o melhor das pessoas, o que controla a
irracionalidade inata e contém o egoísmo e a maldade.
Justamente
aí é que veio o golpe. Nos privar do contato aumenta as falhas, atinge o âmago
de nossas forças de resistência, incute solidão e tristeza em ambiente
esterilizado, corrói o pensamento e inabilita a confiança, desestabiliza e tira
a firmeza dos pés no chão. Terremotos emocionais enfraquecem e todos ficam à
mercê dos mínimos problemas, agindo como uma cadeia de dominó que desaba e não
deixa nenhum outro de pé.
Lembremo-nos,
entretanto, que o ser humano pode voar. Ajustando o pensamento e afastando as
fraquezas podemos voar com o coração e superar a febre que se apodera de nós
indiscriminadamente, levando ao óbito.
Precisamos
preservar a febre por contato, para que a nossa maior força nos reerga e nos
permita vencer a batalha.
Marcelo
Gomes Melo
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