Quando
for por amor, não se esqueça de fazer um ofício ali, legível, registrado em
cartório, duas vias, após pagar as taxas requeridas e receber os respectivos
carimbos de aceitação.
A
necessidade de amar manifesta-se rápido, repentinamente, e dissemina-se como um
vírus letal, não oferecendo uma cura imediata. Quando se é pego pelo amor surge
a urgência de ser amado de volta, principalmente se for pelo alvo do seu amor.
Isso pode causar confusão porque quem ama é cruel e quem não é amado também. Coincidentemente
colocam a culpa no amor, que jamais se manifesta em momento algum, a não ser
através dos seus hóspedes.
A
vítima do amor fica em transe, murmura coisas impossíveis de entender, sofrem
como se estivessem acorrentados em uma masmorra para, no momento seguinte,
flutuar como uma pena, livres sob o céu azul, soprados por um vento morno dos
beneficiados.
Não
é simples acordar o amor e mantê-lo desperto e atuante, como o fogo fátuo,
durando eternamente, portanto requer um tanto de burocracia para que comece a
valer, geralmente com atraso e cheio de erros que lhe farão reclamar e ameaçar,
mas quando estiver quase sem bateria, quase morrendo, não há nada que um tranco
não resolva.
Enquanto
permanecer na fila com todos os seus documentos e esperanças, pense em todos os
prós e contras e defina as suas prioridades, se mesmo assim já é difícil, imagine
se largar aleatoriamente ao sabor das ondas. O mundo particular vira de cabeça
para baixo e a vida é batida em um liquidificador, misturando toda a convicção
que lhe resta às incertezas, dores e sofrimentos.
Chamou
o seu número! Chamou o seu número!
Marcelo Gomes Melo
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