Do
pó vieste e ao pó voltarás, deves relembrar e insistir na lembrança, vós que
possuis o poder de alterar o destino das massas. Tu que instigais o medo para
garantir o respeito dos fracos que se apegam a ti como rêmoras ao tubarão e dependem
de ti para sobreviver das migalhas que atirai com arrogância, o suficiente para
mantê-los sob o cabresto, servis e dominados, destinados a uma vida inferior e
nojenta, e ainda assim agradecer-te com uma servidão abjeta.
És
mortal, tanto quanto os seres aos quais escravizai! Acabarás como pó e serás
espalhado pelos quatro ventos, tendo cada grão de tua vida ditatorial separada,
misturada à lama dos derrotados que iniciaste ao teu bel prazer, manipulando-os
com maldade e em seguida oferecendo migalhas pelas quais ficarão gratos e te
fará sentir-se um deus.
As
tuas falhas são as piores, pois acreditaste que eras superior e, convencido
pela maldita inferioridade preguiçosa e covarde da maioria sem perspectiva,
começaste a decidir as suas vidas e a dispor delas como um jogo devastador, sem
parar para refletir que o teu momento chegará tanto quanto o de todos, e o fim
é certo.
Não
escaparás do destino de todos os teus pares, criados para existir por tempo
definido, longo dentro das próprias expectativas, curto, se comparado a
determinados outros que demoram mais tempo, mas sofrem mais, se desencantam e,
exaustos, imploram por redenção e um fim digno no final das contas.
O
teu momento de morrer chegará, com certeza, como um pacote surpresa, e o poder
que julgais emanar de tua ilustre pessoa de nada valerá. Pagarás as tuas
dívidas, seja por inocência, por maldade ou ego exacerbado. Porque ninguém
escapará do julgamento final, então deverias refletir se vale a pena exercer
qualquer tipo de poder, com a responsabilidade de decidir e se tornar o único
culpado por parte de uma maioria incapacitada, feliz em viver de migalhas,
reclamando e chorando até serem punidos ou receber um quinhão um pouco maior, o
qual exibirão com orgulho por menor que seja, importantes dentro de sua insignificância,
irrisórios, números que existem para cumprir as suas funções desprezíveis,
desaparecendo sem deixar vestígios e nem memória.
Lembra-te,
és mortal e ao pó voltarás! Em nada te diferenciais dos que julgais menores.
Guardai para o final alguma dignidade, e ajoelhai humildemente para resguardar
alguma hora pedindo perdão por uma existência tão desproporcional, violenta,
vazia.
Marcelo
Gomes Melo
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