O
rumo que as coisas tomam quando a tristeza surge é realmente estranho. As
reações são divergentes, mas seguem um mesmo propósito, que é tentar entender e
acomodar a perda em nome da manutenção da sanidade.
Ao
quase enlouquecer as pessoas acionam um reboot no cérebro para zerar as dores
insuportáveis; só então é possível viver novamente a rotina, carregando uma
ferida latente que com o tempo virará cicatriz e marcará o momento para sempre,
ali, um desvio na perfeição da pele para demonstrar a mudança de rumo que as
redirecionou sem aviso para uma nova jornada.
Os
que sorriem descontroladamente se recusam a acreditar, tentam a todo custo
arrefecer a surpresa com a negação peremptória. Aí o sorriso as transforma em
choro desesperado, o corpo entra em choque e cada célula implora por ajuda para
manter o corpo funcionando com o mínimo de funcionalidade. Esses precisam de
ajuda imediata, envolvendo contato físico, o calor de um abraço, palavras
enternecedoras, até medicamentos que tranquilize o excesso de medo, o terror de
saber que ali ficará um vazio eterno. E o rumo novamente é mudado bruscamente,
carregados para outras plagas.
Quem
implode, em vez de explodir, congela. Guarda tudo dentro de si e não fala, não
ouve e nem reage por nada, os olhos fitando o além, os pensamentos enigmáticos
os quais ninguém jamais saberá. Com esses, deixa-los a sós com as suas sombras,
ou no máximo sentar-se ao lado em silêncio, fazendo com que a presença os
fortifique de uma maneira que apenas eles notarão. Não haverá agradecimentos
tácitos, apenas o olhar demonstrará o reconhecimento pela companhia. Um rumo
enigmático que ninguém conseguirá definir transformará aquela pessoa para
sempre.
É
curioso como tudo acontece com um propósito e gera instantaneamente novos
acontecimentos que fogem completamente de qualquer controle humano, mostrando
que tudo em que acreditamos dominar não passa de sensação. O ser humano é, na
maioria das vezes, inútil.
Marcelo
Gomes Melo
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