A
luminosidade difusa não permitia distinguir mais do que formas corpóreas, o que
aparentava um ambiente ficcional fora da realidade, enfumaçado como em uma
balada extrassensorial, movendo os corpos como bonecos assustadores de filmes
de terror. Caminhar entre eles observando como estavam alheios a tudo o que não
estivesse em suas mentes, e nada estava.
Quanto
mais eu tentava entender, mais me sentia fora do jogo, alheio às sensações
particulares daquelas figuras indistinguíveis, que faziam sei-lá-o-quê com uma
concentração emocionante, ao ponto de beirar às lágrimas.
Um
drinque equivale a uma passagem secreta que lhe imiscuirá em círculos novos,
com objetivos indizíveis, capazes de modificar maneiras de pensar e agir em um
piscar de olhos, uma ponte em direção ao desconhecido.
A
cada passo uma novidade, sempre protegida dos olhos por uma névoa, mais
escondendo do que mostrando, insinuando com classe, instigando o pensar,
convencendo silenciosamente, encaminhando com suavidade para um destino sem
volta.
E
repentinamente um redemoinho de sentimentos conflitantes arrancando os pés do
chão e fazendo girar cada vez mais veloz, entranhando-se em cada célula,
transportando corpo e alma para um espaço de transcendência memorável e
irracional, só instinto, visceralidade, atitude e inquietude, atirando de um
lado para o outro com vitalidade, impiedoso e ao mesmo tempo cuidadoso,
proporcionando experiências inigualáveis, improváveis e impossíveis de relevar.
Tomado
por todos esses acontecimentos, enlevado e também em um estado crítico de um
medo elevado à máxima potência, o coração dispara a ponto de explodir, o
sufocar aumenta e você se debate apavorado. Só é salvo pelo despertador do
aparelho celular que lhe acorda para a dura realidade que, pelo momento parece
muito melhor do que a do pesadelo.
Marcelo
Gomes Melo
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