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Tempero da vida



O medo da morte cega as pessoas. O instinto de sobrevivência se sobrepõe a qualquer outra coisa e o egoísmo transborda, cada um cuidando dos próprios problemas e das próprias necessidades.
Criar pânico é a coisa mais fácil e irresponsável de fazer, embora seja, de vez em quando chacoalhar a árvore para gerar resultados imediatos, com o risco de, no processo, destruir diversos incautos, arrastados pelos mais preparados para sobreviver e dispostos a tudo, inclusive dispor da vida de outro ser humano.
Em casos especiais, surtos que atinjam indiscriminadamente a todos, a responsabilidade recai única e exclusivamente nos governantes, os mesmos que ansiaram pelo poder e que precisam arcar com o ônus das decisões sem lamentar ou hesitar, em nome dos que o colocaram lá para representa-los.
As notícias surgem do nada, espalhadas por desconhecidos com credenciais que não se importam no mal que podem causar em massa pela credulidade do brasileiro comum, disposto a ser enrolado de várias maneiras, achando-se esperto e cedendo a propostas de fácil enriquecimento, impossíveis de acontecer.
O medo é moralizador. Assim como o riso, dita parâmetros de comportamento que obrigam as pessoas a manter um comportamento uniforme; o primeiro para sobreviver, o segundo para evitar humilhações. Conviver com casos que só acontecem em uma sociedade humana, cheia de paradoxos, contrassensos e hipocrisias incontáveis, aos quais chamam de tempero da vida.



Marcelo Gomes Melo
 

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