Para
ser digna das carícias mais ousadas, de ter os lábios esmagados por lábios
fogosos, famintos dispostos a sugar o seu sabor com determinação e loucura; para
ter o corpo enlaçado com carinho e firmeza, imprensado contra a parede com as
pernas levemente separadas por uma coxa musculosa, voraz e quente, é preciso
apenas ser mulher.
E
ser mulher aos olhos de um homem é entregar-se desesperadamente, atirar-se de
olhos fechados em um abismo escuro e sem fim, com a confiança de que será
amparada, protegida e tocada meticulosamente, possuída em todos os níveis até
que não haja mais para onde ir, obrigando-a a girar e se entregar por inteiro,
permitindo àquele leve temor escapar pelos poros misturados ao suor perfumado,
inebriante.
Não
apenas se entregar como saber possuir e se deixar possuir, domando cada prazer
para utilizar como se fosse o último, sorvendo em longos goles ardentes
enchendo o corpo por dentro e querendo por fora, dona de todas as ações, rainha
em flor, desabrochando como a mais bela rosa do jardim da paixão.
As
mais fortificadas defesas serão derrubadas, não há mulher tal qual Constantinopla,
resistente por mil anos! O ritmo dos corpos são a chave para a abertura
perfeita. Uma fresta suficiente para encampar todo o sabor do mundo. E
merecedora de todas as homenagens, fogosa como uma potranca no cio, disposta a
cavalgar longamente sem demonstração de cansaço, deslizando pelos campos
preciosos e carregando consigo os amores dos santos e os desejos dos pecadores.
Ousar
é imprescindível para manter a chama do que é secreto, e as histórias de paixão
imortalizadas.
Marcelo
Gomes Melo
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