Rotate4all

PopCash

EasyHits4you

The Most Popular Traffic Exchange
O templo em que a alma habita



Eu sou um amontoado de imperfeições físicas angariadas através de uma vida repleta de diversões e turbulências que agora cobram a conta, que com o passar dos anos aumenta e os juros são inclementes.
A cada inverno uma nova dor surge, logo quando vou me acostumando com a anterior. É fato que não se pode fugir delas; são a herança de todo humano, inclusive dos que tentam burlar o tempo através de artifícios e científicos. Também é fato que não se pode restaurar a si mesmo, por mais avançada que seja a ciência. Negar o acúmulo de deficiências é mais do que ser inocente, é patético.
Sempre que me confronto com as minhas falhas, sinto que o equilíbrio se faz presente, e sou apenas um ser humano comum, destinado, como todos os outros a um fim, embora individual, diferente do final dos outros.
A mortalidade faz com que vivamos com mais incertezas, e o ritmo com que nos movemos determina a maneira com a qual nos encaminhamos para o término. O componente incrível dessa equação não é o corpo, mas a alma. É ela o que realmente importa, sendo a fagulha divina implantada em cada um em um templo que se deteriora com maior ou menor velocidade à medida em que, e como a utilizamos.
 



A alma limpa mantém o templo em forma por mais tempo em um mundo repleto de razões para que as falhas ocorram e nos submetamos a elas, por impertinência ou inocência. A escolha é sempre nossa, de acordo com o livre arbítrio, mas as tentações aumentam a cada instante, como em um jogo de vídeo game, quando superamos as fases e nos sentimos invencíveis, quase imortais. Por isso muitos vivem suas vidas em busca de tal imortalidade, sem perceber ao nosso redor, formas naturais ainda mais belas que nascem, crescem e morrem; com métodos parecidos de defesa para garantir a sobrevivência, tal e qual os espinhos em uma rosa.
Em nossa arrogância podemos nos colocar no topo da cadeia alimentar até que qualquer vírus invisível nos coloque em pânico e resolva nos eliminar. É o instante em que todo o egoísmo aflora e a luta mesquinha pela sobrevivência se manifesta através de atitudes rasteiras indesculpáveis.
Eu sinto, a cada dia, as minhas imperfeições físicas. A minha luta é para conter as imperfeições da alma; mas isso requer bem mais tempo e força de vontade. As dificuldades aumentam e a pergunta que resta é se conseguirei, como qualquer outro, alcançar antes que o templo que abriga a alma pereça. E isso é certo.


Marcelo Gomes Melo
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu feedback é uma honra!

Para ler e refletir

O momento em que não serão necessários

    Dói. E invade destruindo espaços fechados. Abertos. O silêncio dói. Tanto quanto o barulho irritante As palavras malditas, urrad...

Expandindo o pensamento