Todos
querem conhecer o céu, mas ninguém quer morrer
O
amor em excesso pode gerar efeitos aleatórios no coração e na alma, alterando o
ritmo do entorno, a conexão com o que é real e palpável, enquanto uma possível
conjunção com a natureza aumentando todos os sentidos propiciam uma nova visão,
diferente da visão das pessoas comuns, que se envolvem em paixões enganosas e
desnecessárias, as que compelem a tomar atitudes tresloucadas e fogem ao padrão
por algum tempo, mas terminam logo, devastam e ferem também por um período;
depois recomeçam do zero, mudando só o parceiro, e as mesmas sensações
acontecem novamente.
O
amor em excesso difere das paixões porque não acaba bem, sobrevivem às
tragédias e machucam para sempre, não sendo possível superá-lo. Não acontecem
duas vezes e os atores são sempre os mesmos. Eles cometem as mais inocentes
loucuras e sacrificam até o que não têm em nome do outro; morrer por isso não
soa absurdo, e não para o amor jamais, apenas caminham para um nível além e são
revividos de formas estranhas, incompreensíveis para os não agraciados.
Os
simplesmente apaixonados se divertem e sofrem, e continuam assim até que encontrem
novas paixões que não são imortais nem duradouras.
Trata-se
do número da sorte com o qual nasceram, e que determinam o seu destino amoroso
que afetarão a todos com quem interajam e o ambiente no qual vivem, sem que
percebam a interligação que faz a vida inexplicável e os sonhos inconclusivos,
envoltos em uma neblina misteriosa, embora não literal.
Os
outros, os que vivem abaixo da linha dos amores e paixões contentam-se com uma
existência simplificada, na qual tomam decisões previsíveis baseadas na lógica
e não amam jamais, muito menos são tomados por paixões arrasadoras; acabam por
cumprir prazos, realizar tarefas simplórias e dividir suas vidas como famílias
sem grandes emoções, complementando as grandes civilizações que existem por um
tempo e são arrasadas e destruídas, substituídas por outras com as mesmas
bases, alguns resquícios do que eram antes, e que, dependendo de como forem
interpretados influirão nos novos acontecimentos.
A
base de tudo será sempre o amor em excesso, as paixões arrasadoras, e as
combinações lógicas, sem prazeres inesquecíveis nem grandes sofrimentos. É a parte
que equilibra a balança do universo, mantém os mistérios e garantem o mínimo
motivo para constante renovação.
Fora
disso tudo é escuridão. Há um limbo programado para que todos acreditem em um
poder maior, seja qual for, e os que busquem desvendá-los sejam os causadores
dos tumultos que levarão as civilizações ao ocaso e sumiço, até que uma nova
ressurja e mantenha girando a grande engrenagem sem nome, indefinida e
inevitável. A imortalidade se inicia com a inexistência física. Jamais saberemos
ao certo, porque todos querem conhecer o céu, mas ninguém está disposto a
morrer.
Marcelo
Gomes Melo
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