Sezefreda
do xibiu doce era a rapariga mais maravilhosa da caatinga. E a mais caridosa
também, sim, senhor! Mulher da gota serena, a Sezefreda. Dura como uma
rapadura, espinhosa como um cacto, mas delicada como uma flor temporã no meio
daquela seca maldita.
Era
ela a responsável por aliviar o desespero daqueles caboclos brutos sedentos de
água e de prazer nas noites de quarenta graus e um céu azul marinho, banhado
por um mar de estrelas, ironicamente.
Sezefreda
tomava pinga como um macho cabra da peste, e fazia com que aquelas mãos calosas
e ressequidas passassem por sua pele morena como um esmeril. Ela apreciava mãos
grandes como raquetes de tênis, dedos grossos de unhas sujas contrastando com
aquele xibiu enorme, macio como uma rosa em flor, que ficava úmido ao primeiro
toque, inchado, rosado, e se abria instintivamente quando acariciado. Sezefreda
suspirava antecipando o tesão que aqueles dedos causavam, roçando com uma suavidade
sacra, o oposto do que aqueles ogros aparentavam no dia-a-dia.
Largada
em uma rede na varanda da casa mal iluminada por candeeiros, ela sentia a
penetração dos dedos tranquilos, o carinho que faziam, experientes e eficientes
como um vibrador. Enterravam-se nela e ficavam maravilhados com os seus
suspiros atormentados, sua boca entreaberta e o olhar perdido.
A
rede rangia e Sezefreda reagia imediatamente, movendo-se com a paixão de quem
se entregava aos afagos dos ogros, homens de verdade que idolatravam quase como
crianças abandonadas. Muitas vezes ela chorava sentindo as línguas ásperas em
seus mamilos generosos, e os dedos explorando com urgência aquela gruta em
lodaçal, pronta para estocadas potentes. Muitos deles não o faziam, gozavam se
masturbando entre suas coxas, enlouquecidos pela beleza rústica e resistente de
uma mulher do cangaço.
Rainha
das meretrizes, Sezefreda, bondosa, delirava na ponta da língua dos boiadeiros
que a saboreavam suculenta como a mais doce compota de figo desmanchando-se
entre os dentes de ouro dos pobres trabalhadores que de dia sonhavam com a
riqueza.
O
apelido ganhara força e era um mantra, aceito pelas outras mulheres e pelos
adolescentes prestes a iniciar o caminho misterioso do sexo. Mesmo desajeitados
conseguiam enlevar Sezefreda a ponto de fazê-la rugir tal tigresa no cio,
proporcionando uma primeira experiência inesquecível a quem, dali em diante
teria uma vida difícil, permeada por perdas, envelhecendo rápido, fortes como
touros, cheirando a fumo de corda e cachaça de cana de açúcar.
O
xibiu doce lendário de Sezefreda virou ponto de turismo na pequena cidade, e
autoridades das cidades vizinhas não hesitavam em ir provar a valiosa precheca
de creme, e os uivos de loba faminta que Sezefreda oferecia de bom grado. Se
houvesse uma igreja ela seria alçada a autoridade eclesiástica; se houvesse
prefeito, com certeza a honra seria dela.
Para
homens que viverão pouco e intensamente, o xibiu de Sezefreda era sagrado. O
maior prêmio de uma vida enganosa e cruel. Sezefreda era o mel que os animava a
acordar para um novo dia terrível de dores e lamentos. Fariam tudo por ela.
Marcelo
Gomes Melo
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