Loira
libidinosa e os enganos da vida
Loira
libidinosa mostrando as coxas displicentemente. O decote no umbigo não era
sequer um convite, era uma exigência! Mascava chiclete como se fosse uma cabra,
fones de ouvido e celular nas mãos finas e eficientes. Era a imagem da
inocência usurpada, sem pensar em nada que fizesse o seu cérebro vazio soltar
fumaça.
Ela
queria pouco da vida, e não se importava com os pequenos sofrimentos, entretida
com os pequenos presentes que recebia para realizar coisinhas simples que lhe
pediam para fazer nos cantos escuros, e que outras vezes se oferecia para
fazer.
O
mundo dela era assim, pequeno, como um quarto de paredes descascadas, sem
janela, sem móveis. Um colchão e um pequeno fogão de acampamento. Pequena loira
libidinosa, provocando os santos e os comuns, sendo utilizada pelos espertos e
pelos maus.
Um
dia aconteceria com ela o que ouvia naquelas canções românticas, sarcásticas e
pervertidas. Era fato e ela jamais contestaria, porque o mundo paralelo no qual
vivia não lhe oferecia opções de raciocínio, e as pessoas com quem interagia
eram todas como ela, sem perspectivas e sem conhecimento.
Loiras
libidinosas só o são na aparência, para os que as observam de longe, sonhando
em tirar uma casquinha sem envolvimento, em segredo, para depois retornar para
o outro lado do muro fingindo manter a compostura e uma dignidade inexistentes.
A
vida prega peças em todos os que se aventuram por ela, sem fazer concessões.
Existir exige consequências, vistosas ou aterrorizantes. Ou aterrorizantes
mesmo que vistosas.
Marcelo Gomes Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu feedback é uma honra!