Não me traga flores
Tudo
é uma questão do quão desesperado se está. Relacionamentos. Nessa época em que
tudo se confunde e não há regras para nada as pessoas sofrem pelo motivo
errado, e podem chamar de amor qualquer coisa que se pareça com afagos, atenção,
tomar café juntos...
Se
está desesperado o suficiente faz qualquer coisa para aliviar a pressão e
chamar a isso de amor é bizarro, mas é real. O mais realista possível. E as
consequências chegam sem demora, cobrando um preço alto demais. Quanto mais se
afundam na areia movediça, mais se envolvem em situações estranhas, e morrem
por isso.
Nesses
tempos fora de ordem tudo é horror, quando duas pessoas se envolvem por razões
que nem elas reconhecem. Podem fingir que é amor, chamar de necessidade, nomear
como companhia eterna, mas é apenas solidão correndo a alma, enfraquecendo os
sonhos, nublando a visão e obrigando todos a submeter-se a humilhações
inconcebíveis.
O
ritmo é outro nos ouvidos magoados; não mais violões alegres nem palmas
espontâneas; o que ressoa como um bumbo em um evento fúnebre é o que lhe faz se
mover. Um único e estreito corredor com luz fraca e mão única. Siga, nem olhar
para trás é possível.
O
nível de desespero é o que une casais improváveis hoje em dia. Solidão,
sentimento difuso, mas consistente, insistente, persistente jamais lhe
abandonará, ou a mim. Ou a qualquer um. Então não me traga flores.
Marcelo
Gomes Melo
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