A
noite está tão mais escura! O vento quente que se abate sobre mim não carrega,
apenas cozinha, os meus pensamentos de tristeza mortal.
Todos os rios que correm através da
cidade são como veias em meu corpo transportando sangue pisoteado e coagulado,
levando-nos ao fim. Não há saída para os horrores que nos atormentam!
Soldado até o fim, aperto o punho da
espada com ódio, mas, algo me impede de buscar por justiça rápida. Acreditar ou
não é tarefa hercúlea quando se trata de paixões rebuscadas, talhadas em
mármore frio que ofusca a visão com o advento inclemente do sol.
O meu corpo que jamais pertenceu senão
à bela dos séculos agora treme e suplica por vingança soberba, hostil,
inesgotável. Apenas a minha mente sóbria, ligeiramente empanada pela dor
poderia brecar os movimentos rústicos, destruidores que saciariam o meu desejo
por sangue.
Ah, se fosse possível descobrir a
verdade além da realidade é sanar todos os tormentos com apenas um golpe! A
força é suave e estrondosa, um terremoto seguido de ondas terríveis
destruidoras, que arrasam impiedosamente por onde passam sem remorso, sem
sentimento, apenas algo que deve acontecer.
O brilho dos meus marejados olhos não
contém as piores sensações que tive comparadas aos momentos inebriantes e
felizes que tenho vivido através dos tempos.
A noite está tão mais escura por sua
causa! O frio que me acomete é tanto que magoa os ossos, porque você não vem!
Você não virá e eu estarei até o final dos meus dias aqui, como um soldado sem
batalha, a espada em repouso, a mão crispada na empunhadora sem expectativa de
felicidade.
No fim o que sobrou para os valentes,
como eu? A cama vazia, o templo vazio, a mente vazia... O crepúsculo anunciará
boas novas? Ou os terrores causarão ainda mais desencantos?
Marcelo Gomes Melo
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