A
insensibilidade vem se intensificando através dos anos, comandando os valores
de uma humanidade espezinhada, enganada e vencida pelos detentores da
comunicação, que as convence facilmente a optar pela autofagia, corroendo a
eles mesmos e balizando a vida nas atitudes mais vis, abandonando os
ensinamentos seculares que enraizavam valores mestres que determinavam
respeito, hierarquia e consciência de que os deveres alimentam os direitos,
para equilibrar a existência.
O planeta vem demonstrando
insatisfação pelo modo como tem sido destruído pelos seus habitantes mais
cruéis, e se reconfigura ostensivamente varrendo da Terra esses seres que se
reproduzem indiscriminadamente e acreditam poder suplantar e controlar a
natureza, julgando a si próprios deuses capazes de inventar novos gêneros, leis
diferentes, regras horripilantes capazes de modificar a humanidade como a
conhecemos.
Ao mesmo tempo ignoram o repúdio do
planeta, parecendo não perceber o caminho sem volta que significa destruição
irreversível, que faz pensar se esse não é o destino universal repetido durante
Eras, com os planetas renovando a si mesmos, organismos vivos e puros,
eliminando os vírus que de quando em quando os debilita, voltando a ser habitáveis
para novos seres que duram o equivalente à suas capacidades de respeitar as
leis universais e criar regras para conter o próprio e inerente apetite por
destruição.
A vida é inacabável, imortal. Os seres
humanos são vírus mortais que contaminam o ambiente e destroem a eles próprios
não antes de corromper e piorar a tudo com que convivem. Falhos por invenção,
conseguem fazer aflorar apenas os seus piores instintos, o que os leva à
destruição completa apesar de, durante o seu período na Terra encontrem fortes
indícios da maldade intrínseca e da ausência de qualidades, suplantadas pela
hipocrisia, pela mentira e arrogância.
Reles receptáculos para vida imortal,
humanos são morte em potencial, inutilidades em meio a um paraíso repleto de
vida e de seres aos quais julgam inferiores, mas que os observam perplexos,
incapazes de compreender o talento indescritível para sempre piorar, descer,
exercer o seu único direito que é colher a decrepitude como herança de seres
mais asquerosos do universo.
Marcelo Gomes Melo
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