As
cicatrizes que carrego hoje em dia parecem invisíveis para o resto do mundo,
mas se fazem presentes violentamente, impiedosas, magoando na mudança de tempo
e temperatura, me instigando a tomar atitudes pouco recomendáveis para alguém
que aparenta tanta segurança e tranquilidade na arte de interagir socialmente.
Inspirar fundo revigorando o corpo com
oxigênio limpo, permitindo aos perfumes naturais invadir a alma e conectar o
pensamento a um grande vazio, geralmente associado à morte e ao esquecimento,
mas realmente aconchegando a um limbo natural que enriquece e revigora para o
retorno à rotina diária que, sem esses benefícios, murchariam e sumiriam do
centro das atenções sociais que significam status e eficiência.
O truque é não se deixar cair na
armadilha de tentar esconder as dores e vender uma falsa alegria plástica e
inodora, que pode causar inveja momentânea, mas a longo prazo se mostra
patético e constrangedor.
Valorizar as conquistas só é possível
curando as feridas das batalhas, reconhecendo as dificuldades e honrando o
adversário sem arrogância e antipatia.
As cicatrizes podem ser sentidas por
quem as toca suavemente, sem medo ou asco, reconhecendo o heroísmo e
verificando beleza na arte de carrega-las com dignidade.
A procura da perfeição estética é
inútil, visto que a beleza é ímpar e de escolha individual, portanto a
tentativa de criar e obrigar a aceitação de padrões gera idiotas. E a coisa
piora quando esses escravos abrem a boca e justificam plenamente a
possibilidade de não serem considerados seres pensantes.
Marcelo Gomes Melo
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