Poetas
letais
A poesia acontece
rotineiramente e em todas as instâncias. Não há receita ou apenas um tipo, e a
grande prova disso é a natureza que nos cerca e com a qual convivemos. Pura
poesia.
Itamar Assumpção, Rogério Skylab, Arrigo Barnabé, Raul Seixas,
Tom Waits, Luiz Melodia, Cassiano, Nick Cave. Lou Reed... Tudo é poesia nessa
vida! Fotografias, registros vivos de momentos únicos; não é saudável
discriminar, mas é legítimo não compreender.
O mundo tende a rechaçar as coisas as quais não entende, os
motivos escondidos da superfície, que parece ser a única coisa que percebem, as
dores que não os alcançam. Ser igual é mais seguro. Repetir o que todos fazem é
segurança de reconhecimento, embora carregue toda a inutilidade acoplada a cada
criação descartável. Afinal, já dizia Bob Marley “Me criticam por ser
diferente, mas rio deles por serem todos iguais”.
Encontre o perigo e
descubra o antídoto para uma vida louvável nas entrelinhas do que choca aos
iguais. Revigore o cérebro distinguindo os múltiplos acordes de uma guitarra
tocada com amor; os dedos deslizam e criam notas fantásticas como olhos
pousados no corpo suave de uma mulher entregue.
Discorde de si mesmo, aos berros, cause uma rebeldia
interior que lhe obrigará a sentir aquele gelo no estômago causado apenas pela
presença dela no recinto em que você habita; as expressões dinâmicas,
espontâneas do rosto dela, a forma enganosa que ela tem de lhe ignorar para se
divertir com o seu desespero. Fingimento em forma de tortura, até que se decida
e a tome para si.
Incalculáveis paixões sob o toque audaz e cético dos poetas
letais, sem pudores, sem recato, sem nada além do inexplicável.
Marcelo
Gomes Melo
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