As
morenas de corpo torneado e sorriso insincero habitam as fantasias do que jogam
moedas na fonte dos desejos, e dos que apostam a vida nas mesas de pôquer.
Passeiam ondulando os seus corpos perfeitos olhando a ninguém diretamente,
sorrindo a qualquer um que deseje ceder à pandemia da paixão que lhes corroerá
os cérebros enquanto descarregam a adrenalina contida atrás de suas mesas em
seus escritórios mal iluminados.
Há
coisas que acontecem porque precisam acontecer, e as vítimas imploram para que
sejam alcançadas e detonadas, para que digam, se houver um pós-vida, que
sentiram alguma coisa e reagiram à altura, vencidos, mas vencedores.
As
morenas que exigem champanhe e uísque, e passam a língua lentamente pelos
lábios vermelhos deixando embasbacados e orgulhosos os que pagam com a alma
para saborear o poder. Uns se martirizarão depois, arrependidos, humilhados e
renegados, enquanto uma cepa reservada bradará com arrogância que se deixaram
exaurir, e o que perderam em uma noite recuperarão em alguns dias esfolando os
que jamais poderiam sequer observar tais belezas, nem no mais ardoroso sonho.
Os
falsos poderes habitam a mente, e perecem na mente, da mesma forma. Tudo não
passa de uma realidade comprada com uma moeda da qual poucos dispõem de bom
grado: a própria alma.
Estertores
indicam o fim do passeio. Cansaço e languidez se misturam ao tilintar das moedas,
sorrisos orgulhosos dentro de paletós caros, e a imagem da morena tortuosa que
limpou os bolsos, a alma e o coração.
Marcelo
Gomes Melo
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