O
arauto da destruição - Parte um.
Saga em três partes de ficção sobre uma parte do Brasil desconhecida pela maioria dos brasileiros, desnudada completamente a partir de agora.
A história começou há
séculos atrás, quando seu ancestral chegou ao Brasil em um dos galeões de Pedro
Álvares Cabral, alistado à força que fora em Portugal; afinal, era isso ou a
morte por enforcamento mediante as inúmeras sacanagens que realizara na terra
de Dom João, roubando, enganando, garantindo que Dom Sebastião não morreu e
sabia onde ele residia, saqueando a Europa. O nome do homem sem escrúpulos era
Antonio Manuel, considerado inimigo público número um dos países ibéricos.
Quando aportou na Ilha de Vera Cruz estava amancebado com
uma dama loiríssima oriunda dos países baixos, Netherlands; garota alta e
maconheira de princípios liberais com a qual iniciou um prostíbulo se
autoproclamando o primeiro cafetão mascate da história do mundo, levando as
piranhas a todos os países, já descobertos ou não. Estava instituído o “delivery
puta” na Terra de Santa Cruz.
Circulando entre os indígenas, Antonio Manuel, portuga
visionário na arte da corrupção universal logo iniciou a catequização daqueles
seres sem alma. Não à maneira do Padre António Vieira, o grande Paiaçu, mas do
seu próprio modo. Arranjou algumas índias bonitas e contratou-as como garotas
de programa, acompanhantes dos marinheiros, pagando seus salários com
espelhinhos e tecidos coloridos, mas enchendo a algibeira de escudos.
O cafetão da terra brazilis logo percebeu o fascínio que o
louro dos cabelos de sua amante holandesa causava nos índios, então montou uma
suíte na praia, com camas de folhas de bananeira, servindo água de coco
misturada com uísque escocês para que os caciques transassem com a loura em
troca de metais preciosos como o ouro. Seu talento empresarial se manifestou
quando resolveu exportar perucas para a Europa, raspando os lisos e negros
cabelos dos indígenas e faturando alto. É importante contar que foi o inventor
do primeiro gel para cabelos do mundo, uma mistura de urucum com urina de porco
acondicionados em potes e vendidos para alisar cabelos e barbas longas. Reza a
lenda que o famoso pirata Barba azul era seu cliente, e o tom azulado de sua
barba era graças ao gel do portuga.
Antonio Manuel era
esperto e nada egoísta quando se trava de ter lucro e assumiu um filho da
holandesa com diversos pais, além dele: índios, portugueses e negros africanos recém-trazidos
para trabalhar como escravos em nome da glória de Portugal. O garoto tinha pele
negra reluzente, cabelos negros e lisos e olhos muito azuis. Logo cultivou um
belo e enorme bigode encerado com gel de sumo de pau Brasil, suco de pitanga e
urina de bicho preguiça, que dava um tom avermelhado ao bigode e virou
moda entre os importantes da época. Foi
batizado como Manuel Antonio e herdou os talentos do pai e a safadeza da mãe;
então, quando Antonio Manuel faleceu com gonorreia e febre tifoide, assumiu os negócios
da família, expandindo um pouco mais. A mãe, que já não tinha atrativos físicos
para a prostituição, passou a comandar o tráfico de ópio e descobriu como usar
plantas amazônicas para fazer perfumes que a Europa passou a importar
avidamente. O império cresceu e adquiriram algumas ilhas, subornando os
corruptos governantes portugueses. As nomearam com os nomes dos netos da
holandesa, filhos de Antonio Manuel: Fernando de Noronha e Florianópolis. Seu
filho Fernando com uma condessa hispano-portuguesa, Estelita Noronha, que
exportou muitos frutos do mar e inventou a paella, triplicando a fortuna da
família no ramo de restaurantes especializados na Espanha e no restante da
Europa.
Seu filho Floriano, fruto de sua relação com uma alemã de
família de pescadores virou dono da ilha, transformando-a em uma cidade, também
comandando o ramo de restaurantes e turismo. A famosa sequência de camarões é,
até os dias de hoje adorada pelos gourmets e pelos esfomeados turistas comuns.
Com o falecimento dos pais, Fernando se alistou e ganhou
uma patente militar. Conhecendo Jacques Cousteau pére, o coronel Noronha adotou
a sustentabilidade natural e passou a proteger a sua ilha e a natureza,
mandando matar os indígenas e reduzir sua ação a alguns lotes de terra. Seu
irmão Floriano passou a exportar cerveja e ficou ainda mais rico, fazendo
sociedade com o irmão.
Influentes, logo
assumiram postos políticos e inventaram o voto de cabresto. Importaram trens
Maria-fumaça e enviaram um casal de confiança para criar e dirigir uma estação
ferroviária em São Paulo, que recebia imigrantes do restante do mundo e os
enviava para assumir trabalho em fazendas de café no interior de São Paulo e
Paraná, principalmente asiáticos, e também para as fazendas de gado para corte
e leite em Minas Gerais. Para explorar os metais preciosos usaram Bandeirantes
e negros escravizados.
O casal de confiança era Paulo Antonio, filho de Fernando
de Noronha e Flor Ritchoffen, filha de Floriano Manuel. Como os avós e pais,
eram muito bons no que faziam, explorar ao máximo a condição humana como
escravos. A distância da família e a convivência mútua em São Paulo os
aproximou demais. Tornaram-se amantes. Amantes do mesmo sangue produzem
aberrações, era o ditado popular. E dessa relação macabra, em que faziam amor
em meio a operações de contrabando ou ao som de negros sendo espancados no
tronco até a morte, nasceu o futuro rei de Carapicuíba, o conde de Duque de
Caxias, o homem que tomou o Acre dos estrangeiros vizinhos e acrescentou ao seu
país de origem, iniciando uma indústria de extração de borracha, das
seringueiras abundantes da região; o matador do Bonfim, o traficante de pão de
queijo de Lambari, o primeiro empresário do bisavô do Pelé! Seu nome: Flortônio
Manuel, o visionário.
Mas o ditado popular de que casais do mesmo sangue
produziam aberrações confirmou-se. Flortônio era hermafrodita. Possuía ambos os
sexos.
Acompanhe a saga, segunda parte em
breve. Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com qualquer bandalheira
ou não, é mera coincidência.
Marcelo
Gomes Melo
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