Indissociável
de mim!
Eu sou mau. Meus olhos
pairam ao longe, indóceis como a potranca que galopa firme em meu peito, aos
saltos, em torno de uma fogueira no centro da noite.
O frio açoita meus ombros, cruel, e meus desejos calejados
não sofrem medindo a distância entre a amazona arrogante e orgulhosa por sua
solidão consciente, dançando com argolas de prata nos tornozelos, que refletem
minhas impossibilidades.
Eu tento ser mau. Essa maldade peculiar, apregoada em
sussurros é tão falsa quanto a generosidade da fêmea que corrói almas
masculinas como ácido, dissolvendo determinações a cada segundo da noite que
respiramos.
Nada é real quando se trata de confrontos por amor. Nada é
sonho quando olhos permanecem abertos através da noite, com medo do que o
amanhecer nos possa trazer.
Cada grão de areia do
mundo espalhados pela ventania voraz é idêntico a um som, um grunhido de dor ou
prazer que persiste, madame dos meus dias na Terra.
A crueza dos reflexos é inexorável! Ser mau nesse momento é
minha única defesa e não posso negar minha essência. Ela não vê os meus dentes
trincados ou não se importa, enquanto move-se em torno do fogo, contorno de
sombras pelo corpo indomável, hipnotizante.
Suçuarana maldosa estende o domínio em seu território e
sobre mim, acusando a minha reação, penitenciando-se pela atração que lhe
causo, irônico, desejo imortal maculado pela diferença de escolhas.
Momentaneamente afastados, o fogo nos separa; ao mesmo tempo nos mantém
aquecidos insuficientemente nessa eterna noite de gala.
Apesar dos pesares,
notável e altaneira beldade, fera insensível aos desejos dos outros, domadora
dos meus prazeres. Queira ou não você é indissociável de mim!
Marcelo
Gomes Melo
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