Oh,
destino inclemente que magoa a alma quando menos se espera, e tira do prumo os
mais calculistas dos seres, devotados a uma vida contida e controlada, mais
segura emocionalmente, sem os doces espasmos dos quais se é vítima e refém,
quando as emoções tomam conta, porque agis assim?
Ah,
a história indelével que se sobrepõe aos tempos e repete os acontecimentos, nos
levando a recordar mesmo que não queiramos, porque é algo inerente e
inevitável, parece brincar com as vidas, dificultando-lhe o caminhar com areia
nos olhos, equivalente aos sentimentos que não pedimos, sequer reconhecemos a
existência até que do nada surgem e tomam conta, bons ou ruins, bons e ruins
alternadamente e nos mudam como pessoas, criando obstáculos, aliviando
desesperos, matando aos poucos enquanto prometem existir eternamente, mas se
vão e reaparecem de tempos em tempos para reabrir as cicatrizes.
Talvez
seja o motivo para a nossa curta existência, que nos faz confusos e felizes,
entristecidos e enraivecidos, comandam de forma que ansiemos por rotina e em
seguida a desprezemos pela falta de novidades que nos renovem e nos obriguem a
reagir, ou parecer, dependendo do estímulo e força de vontade.
Ah,
conflitos malignos que nos transportam a uma variedade de janelas e portas, e
atrás de cada uma há surpresas diferentes com as quais teremos que lidar, cedo
ou tarde.
O
que realmente importa jamais será descoberto, porque as perguntas feitas não
são as certas, e as respostas pouco serão úteis. A perseguição ao invisível
atinge por dentro, estômago e cérebro, tornando-os revoltos. É a forma como se
lida com o desconhecido, medo e ferocidade.
O
instinto de vingança aparece em seguida, impávido; serve apenas para magoar o
vingador, porque mesmo que alcance o objetivo, continuará vazio após isso,
perdido no tempo e no espaço, seguindo o caminho demarcado por forças
desconhecidas.
Ao
chegar à beira do precipício verá que lutou por nada, viveu por nada e foi
manipulado todo o tempo. Os pensamentos foram comprados e inseridos em um
cérebro vazio, que existiu apenas por um desejo maior.
Atirando-se
do precipício, no meio da queda novamente saberá, lamentando, que até isso
estava programado, não estava se libertando, apenas passando de nível em um
jogo cada vez mais sangrento.
Nesse
jogo não há chances de vencer. Já iniciou derrotado e permanecerá derrotado e
humilhado para sempre.
Marcelo
Gomes Melo
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