Existe
uma enorme diferença entre o que eu desejo e o que eu procuro. Isso quer dizer
que nem sempre vou aos lugares que me proporcionariam saciar o tipo de desejo
que tenho.
Paz,
por assim dizer. Eu desejo paz, mas jamais a encontrarei procurando uma chance
de arrancar essa sua roupa de madre, que esconde de mim quase tudo e em
compensação me esfaqueia desnudando-se através dos olhos, tão profundamente que
me faria morrer de tesão, caso você permitisse. E eu sei que me faz voltar e,
em seguida ir, e voltar... Um controle absurdo sobre um homem que costuma
caminhar sozinho para não adquirir responsabilidade por mais ninguém.
Amor,
se é que me entende. Como posso desejar amor e me afastar de você por dias e
dias, nos quais percorro todos os bares e experimento todos os líquidos
alcoólicos, filosofando em silêncio com a noite, dividindo os meus pensamentos
com o vento, que os carregam para longe de mim.
Então
não pareço compatível com paz e amor? Pelo contrário! Apenas as encontro no
caminho de suas pernas, e essa é uma contradição legítima, a qual reconheço e
aceito completamente. Sou eu o mentor das diferenças que, como paralelas
infinitas que jamais se cruzam.
Viver
pelo instinto tem sido a melhor escolha até aqui; entendo que não será assim
para sempre e, mesmo que eu evite, chegará o momento em que a razão definirá o
meu destino. E a razão escolhe imparcialmente, não é compatível com amor ou
qualquer coisa oposta. Talvez alcance alguma paz. Não o tipo de paz que me toma
após fazer amor com você.
Dos
diversos matizes de paz, esse é o que mais me marca, embora seja passageiro. A
paz eterna não é atraente para adultos ou jovens, então, ainda não. A paz da
consciência é muito edificante e tranquilizante, mas afasta qualquer espécie de
amor, vadios ou puros, são incompatíveis.
Eu
só preciso da ânsia de ter você, com urgência, e possuir, saciar, possuir...
Sorrir. Para você o meu melhor, o único sorriso. Depois vagar, displicente, até
o retorno.
Marcelo
Gomes Melo
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