O
inferno é aqui!
Eu
mato porque está vivo, porque se já estivesse morto eu enterraria. O antídoto
para as dores excruciantes que me acometem é a inevitabilidade dos
acontecimentos. Tudo corre como um rio rumo à cachoeira, calmo em determinados
pontos, perigoso em outros lugares, letal sob as corredeiras, barulhento a
ponto de ensurdecer e enlouquecer. As suas águas parecem facas banhadas por
lágrimas de plebeus.
Eu
não tenho motivo para perdoar, ferroado constantemente pelas mazelas que me
acompanham, com o zumbido irremediável dos que não dormem sendo recitado
eternamente como um carma inexorável. Quando me pego lamentando trato de afogar
com álcool em grandes quantidades, chegando ao precipício do suicídio, então
resisto e resolvo sobreviver por mais um dia, remexendo nas entranhas dos
inimigos com a ponta de uma lança poderosa.
Matar
não é prazer, nem dever, é como respirar. Algo que se faz inconscientemente,
natural como beber água. Não existe prazer, a vida é sinônimo de dor e desespero.
Não há cura.
Evitar
chegar a essa conclusão é retardar o sofrimento, mas recebe-los em doses
homeopáticas não é a melhor escolha. Descobrir a verdade é perder as esperanças
e estar preparado para fazer o necessário impiedosamente. Piedade é defeito,
destruição é favor.
Mesmo
assim, nada acaba após a morte para alguns, os que têm que lidar com as almas
rebeldes, tolas e maleáveis. Seguir livrando o espectro, lavando-o com sangue é
o único caminho.
Mundo
torto, com inquilinos tortos, semimortos, vagando pelas planícies como abutres,
destruindo tudo o que encontram, e como hienas, regalando-se com as sobras.
Todos devem morrer duas vezes. Dois túmulos para criminosos que nem o sabem. O
inferno é aqui!
Marcelo
Gomes Melo
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