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Sair da vida cedo demais



Quando ela afirma que ama, não sabe o que diz, apenas repete o que vê nas novelas às quais assiste comendo macarrão frio, com uma toalha cobrindo os cabelos recém lavados.
É impossível que um ambiente assim alimente um amor que cresça entre as ervas daninhas da rotina, quebrada por mais filosofia barata e hipócrita que vem preparada como fast food para falsamente preencher a fome por algo que sustente e liberte a opressão silenciosa que a solidão reivindica todas as noites.
Se ele admite que ama, está sendo apenas covarde, tentando incluir-se entre o grupo dos sortudos, sem ter noção do que isso realmente significa. Ele quer o calor de uma família sem um certificado divino de que o merece. Ele, na verdade nem crê no que diz em voz alta, mas procura fingir em nome de uma chance que seja de estar entre os privilegiados. Ele não faz ideia do que diz, mas não questiona, porque isso pertence às mulheres, essa coisa de questionar, de tornar a própria vida um inferno.
Quando ambos afirmam amar, significa amar, significa que foram fisgados definitivamente pelo deus da ironia e cinismo, que se diverte ao brincar com duas insignificantes vidas que chorarão por algo que não conhecem e nem dominam. Assistem nos filmes, acreditam nas séries esquecendo que acabam, enquanto a vida continua, e os percalços inevitáveis vencerão em algum momento, chegando a um final irreparável.
Palavras inventadas com algum intuito, geralmente financeiro, proliferam pelos lábios errantes, comemorações para driblar horrores, ações patéticas realizadas para aliviar o peso da má sorte que os acompanha diariamente.


Amor é o maior dos enganos. É o golpe final para dividir os males e esconder que o dia-a-dia é letal, as semanas são mortais, os meses destrutivos. O jogo do amor oferece algumas vantagens e inúmeras derrotas e perdas. A escolha depende de cada um, viver se enganando, procurando alívio nas pequenas desavenças enquanto o pior fica sempre por vir, aparentemente cedo, mas jamais o suficiente.
A existência é um trailer de um thriller qualquer, prometendo misérias com uma premiação qualquer no fim. É tudo o que importa, não querer saber a verdade para não sair da vida cedo demais.



Marcelo Gomes Melo
 
 
 

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