É
a estreia do resto das nossas existências, cão virulento! Como essa visão
sombria pode ajudar a reerguer-lhe do chão duro e seco que lhe apara a queda e
impele a derrocada em direção às profundezas do inferno particular que habita
essa mente frágil e torta?
Um
único tiro de aviso raspa-lhe a sensibilidade, é a hora de levantar o corpo
pesado por tanta culpa e garantir um lugar na romaria que vaga em uma única
direção, abismo de um lado, floresta escura do outro, sem promessas de que o
recomeço seja valioso de alguma maneira.
No
céu sobre nossas cabeças, raios azuis cruzam o ar anunciando punição
inclemente, criatura soturna, desanimada, vítima dos terrores noturnos, culpado
dos massacres diurnos. Limpe o seu machado ensanguentado e o utilize como
bengala, ser humano inconsequente, ingênuo, maldoso na própria ingenuidade.
À
frente o horror se materializa confirmando que a luz é mais veloz do que o som,
porque os estrondos espalham corpos e abrem caminho para o retorno de muitos
para o abismo, dessa vez sem volta.
Tomemos
cuidado, criatura nojenta! Atente para as minas terrestres que vitimizam vários
diante da nossa vista, cobrindo de sangue alheio e restos mortais a sua figura
ainda mais patética, apesar de aterradora.
É
a estreia do resto das nossas vidas, mas não parece melhor do que foi antes!
Não lhe faz indagar se vale a pena passar por tais provações para viver mais do
mesmo, criatura nefasta?
O
mundo é o mesmo, o cenário já existe, como esperar que mudemos? Pelo que
observas, não parece pior? Após uma vida de atropelos e violência, interrompida
pela justiça poética, embora já esperada e justa, não te faz perguntar se vale
a pena o retorno nesses termos, ou é uma outra fase da punição, fingir que há
uma chance para dobrar os tormentos, acelerar a tortura e nos fazer reviver
todas as ruindades cometidas ou presenciadas, com mais intensidade e
destruição?
Caso
pensemos direito, rei da culpa em potencial, talvez seja apenas o recomeço como
imãs que atraem todas as formas de ódio universal, travestido de estreia para
triplicar a dor, pois acompanhado de esperança, sendo falsa, atingirá o auge da
punição em todos os tempos!
Marcelo
Gomes Melo
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