O
apocalipse em curso (batendo palmas para louco dançar)
O
mais assustador nesses tempos é a tristeza e desencanto por parte dos jovens,
desvalorizados por suas próprias atitudes, enganando em grupo aos próprios
pensamentos, enfraquecendo a alma sem poder acusar os mais velhos por seus
deslizes, porque rejeitaram a receita, tentaram criar a ditadura da juventude e
sequer levaram em consideração que sabe menos quem vive menos, e a experiência
é o melhor dos remédios, com o amargor correto, mas percentagem superior de
cura.
A dor exposta é a inocência
exterminada, embora a ingenuidade salte aos olhos e as respostas não têm valor
porque as questões são rasas, a necessidade é urgente e destrói o fruto, comido
verde, sem sabor, sem paciência.
O que acontecerá quando envelhecerem o
suficiente, caso o consigam, sem as respostas, sem as perguntas, adoecidos e
assombrados pelas convicções vazias que governaram os dias de glória?
Tudo muda. Mesmo o que é ruim muda,
para pior, e cria ainda mais decepção porque não há fundo no poço. Largar a
juventude sem propósito, desaprendendo coisas, esquecendo de como continuar
humano, subvertendo a lógica absurdamente, sustentando furiosamente, culpando
aos outros sem ter certeza de quem exatamente são.
A
tristeza é a palavra de ordem, espalhando-se cada vez mais cedo, tornando o
homem a cobaia do homem. Sem sentimentos, sem ressentimentos, seres monótonos e
inviáveis defendendo teorias de autodestruição. Os mortos-vivos da vez,
pululando as cidades e as lanchonetes de fast food, escravos de suas máquinas,
incapazes de se comunicar, cada vez mais voltados para o interior, descobrindo
o quanto são insignificantes, nocivos e letais.
O medo que sobrevoa os terrenos como
drones, infiltrando-se nos cérebros, expondo vidas jovens arrebentadas, imagens
putrificadas de um futuro próximo, executando velhos envenenados e embasbacados
pela incapacidade latente de quem deveria representar a continuidade da raça, a
evolução garantida, mas demonstram ser a assinatura final no livro de óbitos da
existência humana como a conhecemos.
O verdadeiro apocalipse em curso,
enquanto os sensatos batem palmas para louco dançar?
Marcelo Gomes Melo
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