Receita
para formação de psicopatas
O
tormento é da cor dos meus olhos, o desespero corre pelo corpo como o sangue,
cultivando um novo ser disposto a tudo nessa selva tecnológica em que escravos
se julgam senhores por não precisarem usar o cérebro, escreverem e lerem o que
desejam, eternizar a própria história através do aprendizado herético ou
santificado, dependendo do modo de vida.
O horror habita a retina, as mãos em
forma de garras, calosas, duras como pedras demonstram resquícios de trabalho
duro, pesado, ou reações violentas em bares de beira de estrada após
desentendimentos causados por excesso de álcool e jogos ilegais.
O corpo é gelado, com veias azuis
correndo onde deveria haver sangue, e as reações são lentas, quase displicentes;
há um atraso de alguns segundos para o entendimento do que foi dito, um
computador processando com atraso por excesso de aplicativos e lixo digital.
Um ser estranho há alguns anos, mas hoje
em dia considerado comum, porque as pessoas agem de forma esquisita, o ego à
flor da pele não lhes permite prestigiar nada além de a si mesmos, causando uma
brecha enorme para que psicopatas, sociopatas e cientistas sadomasoquistas
atuem livremente, misturando-se àquela turba de modernos que lutam pelos quinze
minutos de fama.
A maldade caminha entre os povos,
radicalizando principalmente os que julgam como se fossem blindados, incapazes
de cometer qualquer erro, portanto superiores. Esses acendem o pavio com as
bombas que incendiarão a cidade, e ninguém, no meio do caos, terá segurança de
apontar um culpado.
É
no meio dessa bagunça que um homem se transforma em monstro, e o monstro em um
caçador de desvalorizados que serão transformados em cadáveres. E o círculo
vicioso se reinicia, com mais acusações, mais culpados, mais vítimas, mais
tormento e mais desespero. Nova receita para criminosos em potencial.
Marcelo
Gomes Melo
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