Sede
de sangue
É
sentimento de culpa quando se tenta agir de forma a amenizar o suposto erro sem
pedir desculpas diretamente. Quando o argumento visa atenuar as supostas falhas
e não a tentativa de reconhecer e recompensar o mal feito contra a vítima.
Agir dessa maneira demonstra muito
mais o egoísmo do que o reconhecimento do erro, afirmando sutilmente que a
culpa é maior de quem foi enganado do que a do algoz, que cometeu a maldade
praticamente porque a vítima pediu por isso.
Enganosamente esse comportamento não
aliviará o sentimento de culpa, ele continuará lá, adormecido, como um vulcão
pronto para despertar assim que for provocado, causando ainda mais destruição
física e mental para todos.
O culpado busca basicamente absolver a
si mesmo, embora saiba da reprovação de todos, e isso causa agressividade.
Tratar a si mesmo como vítima do mundo é o próximo passo, e vais e intensificando
até que o polo se inverta e de malvado, se torne (na sua própria visão) em
quase um santo de botinas.
Há esse tipo de gente aos borbotões
nesse mundo de meu Deus, incapazes de encarar as próprias falhas e covardes o
suficiente para tentar perdoar a elas mesmas cinicamente, chegando a contar a
história completamente distante da verdade. O sentimento de culpa permanece.
Pessoas com extrema dificuldade em
amar a si mesmas, que parecem tentar se punir com ações que acabam magoando aos
outros mais do que a elas, e vivem sedentas por vícios e atitudes não
recomendáveis, sem jamais saciar-se.
É assim que a vida toca, e se toca a
vida. Uns vivem para magoar, outros são eternos magoados. Uns magoam para se
punir, outros são punidos e aceitam, cordeiros que são, abatidos diariamente
pelos que têm uma inacabável sede de sangue.
Marcelo
Gomes Melo
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