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Sobre tempos antigos e senso moral


        Entre os pés de eucalipto nos encontrávamos naquelas tardes de sol, trocando sorrisos e brincadeiras adolescentes de uma época um tanto mais inocente. Havia beijos, claro, e as mãos se exploravam mutuamente, interrompendo quando o calor aumentava a ponto de perdermos o fôlego. Então, de mãos dadas tomar uma Coca-Cola sentados no banco da praça do colégio, em frente às quadras de esportes.
       Ali os amigos se aproximavam e as conversas se alternavam entre troças colegiais, piadas de duplo sentido e agenda para os encontros de fim de semana em grupo. As festinhas de sábado à noite, cada dia, em uma casa diferente funcionavam de maneira diferente, com música dançante dos anos 80 para socializar com passos sincronizados de dança, bebendo meia de seda, cuba e hi-fi.
          Em determinado momento da noite o ponto alto era a seleção de canções românticas produzidas durante a semana em fitas cassete, gravadas com esmero. Noventa minutos para dançar agarradinho e tentar a sorte, quem ainda não tinha um par garantido.
          Conosco era diferente, ela e eu. Nos apertávamos e trocávamos suspiros. Eu costumava traduzir alguns versos das canções americanas em seu ouvido como estratégia de sedução. Nos beijávamos à meia luz, nos tocávamos e em breve iríamos para o jardim mal iluminado, discretamente apimentar a noite.
          Era certo dizer que chegávamos bem longe, e voltávamos inebriados, mas jamais concluíamos nossos eventos de amor porque simplesmente ela não estava pronta e eu respeitava sem arrependimentos. Muitas vezes chegávamos muito perto. Era tanto tesão que nem acreditávamos!



         Esse tempo chegou. E foi muito bom, inesquecível. Sem medos ou culpas, apenas a realização do que há muito esperávamos. Isso nos amadureceu, foi um upgrade emocional compartilhado entre nós dois durante bastante tempo, até que ela dividiu com as melhores amigas e eu com os meus melhores amigos.
          Sorrisos, brincadeiras, curiosidades satisfeitas... Era um ambiente saudável física e mentalmente. Ninguém deixou de seguir os passos que nos foram ensinados para manter a segurança, portanto não houve surpresas.
          Uma época relevante para quem descobre o sexo naturalmente, sem a maioria distorcida ou incentivada erroneamente, com políticas estúpidas de conter a promiscuidade liberando comportamentos sem instrução, liberalismo a um ponto sem volta, porque aprender errado não oferece retorno, é um trem descarrilado rumo a uma tragédia anunciada.
          Não há épocas diferentes em que jovens desconhecem o desabrochar sexual; o que acontece é a divulgação errada de como isso vai acontecer. Divulgação é poder, instinto é exercer a selvageria e perder um período precioso da vida em nome de regras sociais malformadas, permissividade confundida com liberdade, libertinagem como uma deusa enganosa que destrói conceitos como se fossem preconceitos. O fim é inevitavelmente cruel. Para todos.



Marcelo Gomes Melo


 

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