Acontece
com aqueles que constroem muros em torno dos sentimentos e acreditam que os
abençoados com o seu amor sabem exatamente o que eles, os apaixonados estão
sentindo. Agem como imbecis completos, usam de meandros e caramelam a fala de
uma forma tão adocicada que enjoa! Repetem estratégias nocivas a eles próprios,
afastando a quem deveriam atrair, porque são incapazes de ir direto ao ponto,
objetiva, mas gentilmente.
Ao usar palavras demais, movimentos
demais, sem esclarecer coisa alguma, tornam-se assustadores, repulsivos, e
adoecem ao enxergar o motivo de seus amores cada vez mais longe, não estão
aptos a entender os motivos pelos quais afastam em vez de encantar e trazer
essas pessoas para dividir o seu mundo.
A realidade é que não conseguem
expressar efetivamente o que sentem e ficam dando voltas, repetindo em tom monótono
coisas sem nenhum sentido por falta de poder de síntese. Isso não significa que
os que são objetivos, frios e diretos em proclamar o seu amor pálido se dão
melhor; a eficácia está entre os polos. Naturalidade, tranquilidade e certeza
explicitam sentimentos com muito mais clareza e eficiência. Os olhares certos
contam histórias de amor, os toques mais suaves transmitem o melhor tipo de
paz.
Os prolixos no amor não entendem e
transformam tudo em confusão, acabam sendo as suas próprias vítimas e caminho
pelo mundo reclamando, apontando dedos, acusando e culpando inocentes por não
serem amados, mas não conseguem ver que estão inaptos a receber qualquer tipo
de atenção porque envenenam com sua conversa fiada. O choro é o seu discurso
mais profundo, a fanfarronice os torna patéticos; o espelho os machuca e os
obriga a querer modificar externamente a falha que está por dentro. Mais um
erro que os torna bizarros.
Quanto
mais caminhos constroem, mais se afundam no próprio labirinto da inabilidade em
se comunicar. A libertação só virá quando derem a sorte de encontrar alguém que
se declare de maneira simples e os deixem em choque imediato, passando por um
período de negação: “como alguém pode gostar de mim e simplesmente dizer?”. “Não
é fácil demais?”. Na sequência, a raiva: “por que essa pessoa pode me amar e
confessar tão tranquilamente, enquanto eu destruo a mim mesmo com dúvidas e
covardia?”.
Por fim, a aceitação, que talvez os
liberte por completo, se a pessoa aguentar tempo suficiente para treiná-los
para agir com simplicidade, coragem e menos, muito menos palavras.
A receita efetiva diz “pense menos,
sinta mais, admita, conte”. A probabilidade de funcionar é enorme, mas se não
der certo será possível sobreviver sem tanto desgosto. E tentar de novo.
Marcelo
Gomes Melo
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