Caminhe
aleatoriamente pelas ruas lotadas das grandes cidades, observando
disfarçadamente o comportamento, as reações e a estética dos transeuntes.
Lembre-se de não chamar a atenção de forma alguma; não demonstre surpresa nem
encare durante horas, ostensivamente, deixando claro haver percebido recortes
surreais sob a aparência quase humana e o comportamento impactante. A seguir
alguns exemplos mais comuns do que parecem que você jamais se deu conta.
Cerca de 1,60m, pele esverdeada,
cabeça enorme, desproporcional ao corpo de ombros estreitos, sem pescoço,
sobrancelhas hirsutas, coladas uma na outra; olhos esbugalhados, boca grande de
lábios finos, joelhos grandes, canelas secas, pernas curtas. Braços enormes com
as mãos tocando os tornozelos, pés chatos com dedos separados, voz esganiçada
com sotaque forte, dialeto diferente e andar balanceado, firme como o de um
pinguim. Pensou nisso? Ah, mas você descreveu um retirante nordestino da zona
da mata sofrendo de hepatite. Ou um alien perfeitamente entrosado entre nós,
ajudando a construir um país moderno de prédios altos e extravagantes?
Mulher de cabelos louros em formato de
moita, provavelmente coloridos artificialmente, pele pálida disfarçada por
camadas e camadas de maquiagem, lábios e bochechas ligeiramente distorcidos
pela aplicação de Botox, olhos claros como o céu, frios como gelo em formato de
borracha sendo esticada fortemente para os lados; alta e magérrima, com pés
pequenos demais para a altura e saltos finos impossíveis de equilibrar um
humano na vertical, muito menos andar, dobrando os joelhos e movendo o pescoço
para a frente e para trás ao mesmo tempo, tal e qual um ganso caminhando, usam
roupas coloridas que ajuda a camuflar no ambiente, tirando a atenção da
aparência bizarra, hein, hein? Uma modelo antiga tentando se manter na moda ou
um outro tipo de alienígena circulando livremente entre nós, com uma agenda
definida da qual não fazemos ideia?
E
aqueles seres enormes, loiros, com cabelos de plástico e bigode ralo, orelhas
largas e moles, mãos enormes e frias, vestindo gola alta e caminhando com as
mãos nos bolsos, pés enormes e finos de passadas largas, que parecem sempre
estar olhando para todos os lados, desconfiados, levando embrulhos suspeitos ou
falando ao celular enquanto fumam cigarros estranhos no meio dos viadutos. Não
lhe chamam a atenção? Trata-se de mais um vendedor de automóveis inocente ou um
conspiracionista intergaláctico no nosso meio, tramando a dominação final do
planeta?
Já observou a si mesmo no espelho,
antes ou após o banho? A pele borrachuda molhada, aparecendo impermeável, os
dedos das mãos grossos, as palmas como pergaminhos antigos com uma mensagem
ainda não decifrada que desvenda o seu propósito na Terra? Não?! Os sonhos estranhos
dos quais lembra parcialmente e parecem tão reais, um dejavu permanente que te
incomoda por pouco tempo antes que retome o ritmo e esqueça dos
questionamentos?
Seria você um alienígena convencido
através de lavagem cerebral ser um terráqueo comum reclamão, chorão e,
irremediavelmente astuto para coisas bobas, mas raso intelectualmente para
acreditar na falsa profundidade de filósofos ateus que gritam “meu Deus” sempre
que perdem o ônibus ou o elevador?
Seremos todos aliens em um planeta
Terra cuja real população, a original seja aquática simplesmente porque há mais
água do que terra no planeta?
E se formos todos aliens buscando um
sentido em ser terráqueo inutilmente, por um período de vida insuficiente para
descobrirmos alguma pista correta?
Há que se ter muito tempo e falta do
que fazer para perder momentos preciosos em tais teorias conspiratórias,
embaraçosas e engraçadas. Ou não?
Marcelo Gomes Melo
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