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É o mundo que muda a vida ou a vida é que muda o mundo?



           É incrível como os tempos mudam, a vida constantemente se recicla e com ela os conceitos, as regras, o modelo de negociação das pessoas com elas mesmas e com os grupos com os quais se relacionam.

          Nada é fato até que o exemplifiquemos, e tais exemplos servirão para demonstrar que as gerações vão envelhecendo, e com isso apresentam dificuldades para entender e aceitar as novas gerações com seus novos estilos, conceitos e ideais. Imutáveis são as perspectivas de cada geração, afirmando que a geração posterior à sua é sempre mais pobre de cultura, mais fraca moralmente e desmotivada por natureza. As coisas são assim, simplesmente. E não é possível perceber antes que se alcance determinada idade.

          Eu tinha um amigo mineiro que era o protótipo da região em que vivia; fumando cigarro de palha, acocorando-se à beira de um rio todas as manhãs, observando mais do que falando... E quando se manifestava o fazia baixinho, tranquilo, com prudência. Hoje, o homem não é sombra do diplomata que era. Fala alto e gesticula bastante, estressado e impaciente, opinando até sobre o que não é da sua conta. Mudou com o tempo.

 
          Minha amiga paranaense de olhos azuis e cabelos loiros cortados à moda príncipe Valente, cheia de vida e atirando charme pela janela, a rainha dos bailes estudantis. A mãe queria que ela fosse miss; ela fingia querer ser bailarina, mas sonhava em ser dançarina e atriz. Hoje te quatorze filhos, divorciada seis vezes, e se confessa infeliz. O tempo, de novo.
          Um amigo baiano que usava uma peixeira na cintura e batia em qualquer um, bebia o tempo todo e contava cicatrizes como relíquias de guerra, hoje é dançarino de pole dance em um inferninho na Praça da República e atende por um nome feminino estrangeiro complicado. É o mundo que muda a vida ou é a vida que muda o mundo?
          Outro amigo paulista, sempre vestido como um mauricinho, esbanjando arrogância yuppie e tendo como único assunto o dinheiro, em qualquer situação, apresentando suas posses como carro e roupas importadas como currículo, exímio jogador na Bolsa de Valores... Hoje, vestindo camisa polo cor de laranja trabalha como vendedor de bolsas femininas no centro da cidade. Sinais do tempo?
 
          Meu brother carioca, sempre de bem com a vida, disposto a tudo sem entregar nada em troca, o popular esperto, se dando bem em qualquer circunstância. Um boa praça, um tanto egoísta, mas, sem fazer coisas muito erradas. Não se levava a sério e nem coisa alguma em torno de si mesmo; no final de tudo um grande solitário com mania de grandeza. Agora, mais velho, mais sofrido, mais solitário e ainda sorridente, aparenta continuar o mesmo. Ainda assim foi mudado. À força. Acabou por descobrir que não é possível se dar bem para sempre usando as pessoas, e cuidar de si mesmo é muito, muito difícil.
          Não vale a pena perder tempo pensando em coisas assim, a não ser filosofando com tequila e peixe frito em uma mesinha na calçada. O ritmo dos acontecimentos não mudarão por causa de ninguém. Talvez seja estupidez extrema associar amizade a valores financeiros, bondade a amor infinito, discriminação a status. Tudo isso equivale a comprar todos os números de uma rifa cujo prêmio é o direito de ser hipócrita eternamente, sem descanso.
 
          A vida não vai parar para ninguém descer, então o melhor é ajustar-se a seu modo. Faça com que  sua estadia por aqui valha a pena, tire proveito de sua vida sem atrapalhar a dos outros. Sem que atrapalhem a sua. Sem discriminar ou ser discriminado. Talvez seja nisso que se resuma a existência.
 
Marcelo Gomes Melo

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