As paixões platônicas
são tão ou mais sensacionais do que as paixões verdadeiras. Aliás, nem cabe
classificá-las como inverídicas, visto que causam as mesmas palpitações e os
mesmos suspiros, as mesmas fantasias e as mesmas decepções. Essas paixões
precisam permanecer platônicas para serem classificadas como perfeitas.
As paixões reais são como navegar em mares bravios com um
bote salva-vidas, cheias de altos e baixos, dissabores mortais que, de um minuto
para o outro se transformam em delícias eternas. É o mesmo que ser passageiro
de uma montanha russa, com direito aos gritos e aos sustos. Perigo consciente,
procurado por todos os viventes durante toda uma existência.
Diversos poetas
românticos escolheram viver para amar e morrer por amor; e o fizeram na
realidade, mesmo que seus amores fossem platônicos. Por seus amores choraram,
vibraram, sofreram, se enterneceram, se declararam através dos seus mais
insanos versos! Preferiram passar noites em claro bebendo, divagando, sonhando
com a mulher idealizada por cada um.
O amor platônico elimina defeitos. E todos escolhem alguém
perfeito para amar, o que é impossível no amor real, sinônimo de conviver, se
conhecer e perdoar os defeitos. A qualquer custo. É por isso que a beleza
imortal é uma das características platônicas; muda conforme a atração de cada
apaixonado, portanto é subjetiva, está nos olhos de quem vê.
Apaixonados platônicos não pensam nas respectivas amadas
acordando descabeladas, com olhos remelentos e bafo de crocodilo; elas jamais
se irritam com nada; não sofrem com os defeitos comuns, compartilhados por
todos. São inteligentes, cheirosas, pacientes e amorosas. Nunca reclamam,
jamais cobram ou proíbem, não tentam impor a sua vontade e muito menos anular
os desejos do companheiro, submetendo-o à completa ausência de opinião e de paz
para sempre.
Não é nada fácil criar
uma musa inspiradora em tempos de comunicação global instantânea, porque hoje
todas se manifestam, por escrito ou ao vivo, e nem sempre o que dizem, escrevem
ou como escrevem corresponde ao ideal de perfeição.
A exposição aterradora a qual a musa submete a si mesma,
mostrando-se tanto que até os defeitos são notados; a falta de pudor, o
descaramento indo às raias da loucura, a intimidade sendo vendida a qualquer
preço torna o amor platônico inadequado. Se o amor pela mulher adorada
permanecer depois de tudo isso ser atirado na cara do romântico inveterado,
deixa de ser platônico e passa a ser verdadeiro, porque envolve aceitação dos
defeitos e a torna uma mulher comum, normal.
Fica-se imaginando que o cinismo que infesta a sociedade
mundial, a descrença das pessoas nelas próprias e nas outras torna o amor
platônico inviável, prestes a desaparecer, mas tal pensamento jamais acontecerá!
O que causa essa certeza é que já está documentado nos livros, incrustado no
peito dos antigos e inserido na história, aconteça o que acontecer.
O resto é amor real,
verdadeiro, que faz sorrir e renunciar; que acaba. Que permanece escondido sob
as tormentas diárias, que sobrevive aos trancos e barrancos e provoca reações
passionais. Apaixonados que explodem e destroem a tudo em sua volta; igualmente
produz a mesma destruição, indiscriminadamente.
A vida continua e a caravana das emoções passa, enquanto os
cães do amor ladram desvairadamente.
Marcelo
Gomes Melo
Acho o amor uma sentimento tão indescritível, tão completo em sua trajetória, é tão destrutivo ao mesmo tempo que é tudo que move a vida.
ResponderExcluirNão entendeu neh?? rsrs nem eu entendo.
Acho que me encaixo na classe de apaixonada platônica.
Adorei a musica Marcelo, pois é...
Nem é preciso entender, Silmes, ninguém se entende,mesmo! rs... A canção é linda, mesmo. Valeu!
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