Sem
palhaçada, biltre, o fim de ano é uma sucessão de desgraças reunidas durante o
ano duro, coalhado de obstáculos e desespero incontável, imensurável. As
malditas metas patéticas repetidas ano após ano não passam de hipocrisia nojenta
de idiotas sem cérebro que, incapazes de cumprir até a mais simples das
promessas, disfarçam embriagando-se para fingir felicidade inexistente e
esquecer as bobagens que disseram, as cores das roupas que usaram para cada
tipo de sorte e as ceias assombrosas que mastigam sem sentir o gosto, remoendo
pequenos dramas familiares que terminam em choro e quebra de clima, piadas que
não funcionam para restaurar a paz e ações dantescas para redimir os seus
pecados inacabáveis, doando ursinhos de pelúcia, cobertores e sopa, fazendo
cara do que seria um santo retratado por uma estátua ou quadro.
Fim
de ano de uma gente deprimida e deprimente buscando as luzes de qualquer jeito,
dispostas a tudo pelos quinze minutos de fama em uma mídia em decadência, que
não é mais aceita pelos energizados que se recusam a compactuar com as teorias
de tão abjeta classe que se julga artística propagando o que é nocivo apenas
porque os favorece.
Muitos
desses ratos se infiltram nas redes sociais tentando criar uma nova imagem e uma
nova maneira de continuar faturando através de bandeiras sobre as quais
conhecem superficialmente, odiando e se vitimizando por trocados ganhos
facilmente.
O
ano terminando é um prato cheio para essas patifarias. Tudo continuará na
mesma, pior com certeza, e as pragas antinaturais encarregadas de devastar o
planeta continuam arrogantemente se julgando no topo da cadeia alimentar e uns
acima dos outros da própria espécie, julgando poder destruir aos que decidem
ser inferiores.
Loucos
de todas as espécies espalham notícias sobre destruição através do fogo ou da
água, ou de raios laser, raios gama e invasão alienígena, com opções: para os
ingênuos, salvação em um novo plano espiritual, para os desconfiados, escravidão
e trabalhos forçados até a morte, experiências cruéis e destruição
incondicional.
A
verdade está no eclipse de fim de ano, o que habita as luzes de natal, as
caixas de presente, os sorrisos falsos e cumprimentos decorados. O eclipse que
habita as taças de champanhe, as drogas que facilitam o esquecimento para quem
não é vítima fatal delas mesmas, as destruições acidentais que matam milhares
em tragédias inevitáveis lamentadas em cadeia nacional por quem deseja apenas
aparecer como abutres sobre a carniça dos fracos.
O
grande eclipse que vem e vai em um piscar de olhos, e desaparece por mais
trezentos e poucos dias até retornar com mais mortes e desgraças irrefutáveis. Os
organismos daninhos, mortais para as outras espécies continuam descendo a
ladeira, rumo ao inferno particular de cada um. O último fecha a tampa do porão
e será visto como o herói que salvou o planeta de sua presença hostil, pecadora
e desprezível.
Marcelo Gomes Melo
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