Ei,
é hora de namorar como antes! Trocar olhares e metade de sorrisos como vagas
possibilidades, insinuar em vez de eliminar a expectativa negociando um amor,
mesmo que seja por um breve período, regado a álcool e conversas truncadas, sem
nenhum sentido, porque hoje não há mais vocabulário suficiente para seduzir
pela inteligência.
Quando
retornaremos aos toques distraídos fingindo acidente que desperte emoções
jamais antes sentidas, emaranhando pensamentos safados que ficam expostos
através das bochechas coradas e gaguejadas patéticas, inocentes, que serviam
como pontes para criar a coragem suficiente para realizar o primeiro dos
desejos, um abraço e um beijo.
Atualmente
não há esse instrumento, o coração, evoluindo em assuntos de amor e de amar.
Hoje se vive de aplicativos, currículos, contratos e ostentação. Os novos
robôs, incapacitados para reconhecer emoções verdadeiras ocupam-se em odiar ou
venerar, sem meio-termo, sem nada além, sem nada. Sem.
Corpos
que caminham e vozes que se alteram, mas não conseguem se articular para formar
nenhuma sentença, misturam insensatez fria com algoritmos mortos para continuar
a inútil peregrinação rumo ao desconhecido, lentamente, olhos sem vida,
incapazes de fazer o sangue ferver, assassinos do romantismo, destruidores da
paixão, novos seres humanos sem gana, sem sentimentos, o que nos faz questionar
a sua real existência.
Namorar
como antes não mais vai acontecer porque essa palavra está sendo riscada dos
alfarrábios, retirada da história, apagada dos cérebros, morrendo com as
gerações que a valorizavam.
Um
imenso vazio emocional se seguirá por muito tempo, e jamais saberemos se algo
parecido irá se formar, ou os novos destinos cibernetizados vencerão a batalha,
terminando com a época em que o mais importante incluía sensações, ao contrário
do que move as ações futuristas baseadas no que é inanimado, impiedoso e cruel.
Pensando
bem, talvez seja melhor que nos recolhamos à nossa insignificância neandertal, reconhecendo
que, ultrapassados, não estamos aptos para reconhecer as novas configurações da
existência humana sobre a Terra.
Os
tempos mudam, as reações mudam, as ações são diferentes e a inevitabilidade do
tempo se confirma. Que sejam tão ou mais felizes do que fomos.
Marcelo
Gomes Melo
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