Um emaranhado de fios entre máquinas perfeitas
Suas vidas inteiras estão contidas em um chip dentro de um aparelho celular.
Eis o novo deus deles, que se deixam
escravizar sem notar o quanto necessitam dessas diretrizes para viver.
Na ilusão de afastar o pavor de se
sentir só no mundo, interagem com centenas de estranhos com as mesmas
necessidades, compactuam tristezas parecidas, fabricam felicidades nem sempre
verdadeiras, e o que é duradouro inexiste na velocidade acachapante em que as
coisas acontecem através da caixinha mágica que antigamente só existia nos
filmes de ficção.
Quando a perdem por algum motivo, o
mundo desaba, o desespero toma conta e sentem-se como uma folha branca vazia,
sem história, sem vida, sem rumo.
Talvez o aparelho celular substitua,
hoje em dia, órgãos vitais dos seres humanos, como o coração e o cérebro. Não
se vê conserto para isso, só a previsão de que o homem acabará se transformando
em um emaranhado de fios descascados, sofrendo curto circuito em uma terra de
aparelhos perfeitos, um paradoxo que inverte a condição de criatura e criador,
dominado e dominador.
Como diriam os famosos Borgs da série
Jornada nas Estrelas: resistir é inútil!
Marcelo Gomes Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu feedback é uma honra!