Eu quero comer jabá!
As
vísceras do porco espalhadas dentro de um recipiente de alumínio, ainda
quentes, sendo manuseadas com destreza pelo profissional intermediário entre a
matança do animal e a mesa dos comensais.
Na outra bancada tripas de todos os
tipos esperando para receber um corte adequado e uma limpeza razoável antes de
serem fritas e servidas como iguaria monumental, acompanhadas de cachaça
mineira.
Bofes, buchadas sendo costuradas com
primor para a degustação geral com acompanhamento de pimenta malagueta selvagem
apurada em mel de abelha africana e wasabi.
Testículos de carneiro castrado vivo
misturados a ovos de avestruz mexidos com mostarda e ketchup. Lesmas amarradas
pelas antenas e cozidas com saúvas vorazes da Etiópia para os conhecedores da
arte de se alimentar de forma exótica.
Fugu preparado por top chefs cegos,
surdos e mudos, sofrendo de Alzheimer e incluídos social e profissionalmente,
ainda no início da patologia, triplicando o perigo e a emoção dos corajosos que
devorarão o tenebroso peixe cujo veneno pode matar em pouquíssimo tempo...
- Estrôncio, larga essas vísceras e
vamos almoçar. Não, não precisa lavar as mãos, é rápido. Depois a gente
contínua.
- Vai comer o quê?
- Pão com mortadela e refrigerante. E
você?
- Eu quero é comer jabá!
Marcelo Gomes Melo
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