Carta de solicitação de retorno do amor rompido
Você
ainda é a minha namorada, mesmo que diga que não o quer. Sem voltas. Não aceito
o olhar de espanto e nem os lábios mordidos com raiva.
Ah! Não se devolve presentes dados com
amor, então não ouse tocar no colar com o nosso símbolo irreal particular do
amor inacabável, inabalável, além-mar e além vida. Que continue onde deve
estar, em torno do seu pescoço, roçando o coração.
Não tente atirar os versos mudos que
os nossos corpos, juntos, criaram; muito menos a sinfonia de gemidos e
sussurros que se perdem entre as paredes para habitar entre as estrelas.
O que você pode exigir devolver são os
beijos! Aqueles trocados em público, aqueles trocados com privacidade, aqueles
de sossego e aqueles de exigência total! Não abra mão de retornar o carinho e o
prazer, com juros e correção da paixão atrasada. Isso pode ser tolerado.
Feito isso, estamos prontos para
superar o mais recente obstáculo e reiniciar o software do nosso amor
indelével.
Não aceito beicinho por mais tempo do
que os beijos de desculpas com os quais lhe torpedearei, porque você sabe que
eu morro sem você, e depois de morto continuo a lhe amar, até renascer
apaixonado por você.
São Paulo, 31 de fevereiro
de 1877
Marcelo Gomes Melo
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